O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que foi fechado um acordo para que o Partido dos Trabalhadores (PT) indique representante a uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). Em contrapartida, a legenda apoiaria a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara.
“O PT solicitou a indicação da bancada deles. Eles reclamam que politicamente nunca tiveram um representante no TCU. [Há o compromisso] com o PT, sim, de eles indicarem a vaga”, revelou Lira durante entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, publicada nesta quinta-feira, 31.
Com a aposentadoria de dois ministros se aproximando, o TCU abrirá duas novas vagas até 2027, e a indicação de novos nomes pela Câmara dos Deputados entrou nas negociações. “Procurei trabalhar o tempo todo para construir uma candidatura que unificasse, que pudesse convergir”, explicou o atual presidente da Câmara
“Tudo que está acontecendo é fruto de muita confiança entre partidos e deputados, que vão amadurecendo para saber diferenciar a luta administrativa dentro da Casa das lutas ideológica por pautas e por bandeiras no plenário”, completou.
Questionado sobre o que entrou no acordo para o PT apoiar Hugo Motta, Lira respondeu que sua relação com Lula e com o PT “não é antiga”. “Mas a minha relação dentro da Casa com os deputados dos partidos é [antiga]. Conheci pessoalmente o presidente após a eleição dele, aqui nesta Casa. Toda a nossa conversa a partir daí se confirmou através de ações corretas e apoio ao governo naquilo que assumimos.”
Segundo o deputado do PP-AL, Lula afirmou que Lira teria a preferência de conduzir a sucessão. “As negociações são administrativas. Espaços na mesa, nas comissões, as relatorias. E muitos partidos trazem pautas”. (…) O PT solicitou, sim, a indicação da bancada deles. Eles reclamam politicamente que nunca tiveram um representante no TCU e, quando tiveram candidatos, não tiveram êxito no plenário, que é a segunda etapa”, enumerou.
Durante a entrevista, Lira ainda avaliou o resultado das eleições municipais deste ano, que apontaram para um crescimento do centro e da direita: “Na minha visão, eleição municipal é uma coisa, eleição nacional é outra. O Brasil é um País mais conservador, de centro-direita. O que é o retrato do País? Um País de centro-direita no Parlamento e um governo progressista, no Executivo, o que obriga convergência de trabalho, de discussão, de construção.”
“A política criou um estereótipo de que político bom é aquele que dá tapinha nas costas, ri e só diz o que as pessoas querem ouvir. Eu faço política há 34 anos, nunca mudei a minha maneira de ser com relação às pessoas. Sou duro, carinhoso ou amigo quando tem que ser. Não minto, não blefo, faço a política reta, e as pessoas talvez gostem”, finalizou Lira.
Partidos se sentiram ‘traídos’ por Lira
Ao Jornal O Globo, as lideranças partidárias afirmaram que se sentiram ‘traídas’ por Lira. Partidos de direita que também declararam apoio a Hugo Motta alegaram que Arthur não teria deixado claro, nas conversas, a negociação de uma possível vaga no Tribunal de Contas da União (TCU) com o Partido dos Trabalhadores (PT).
A reclamação é de que a negociação deveria ter sido debatida com todos os partidos que apoiaram o paraibano Hugo Motta para sua sucessão.
Por Terra, com informações do O Globo