Pai de garoto morto no CT do Flamengo faz acordo com clube, realiza sonho da casa e monta memorial em quarto

Depois de um ano, um dos sonhos do adolescente Gedinho Santos, uma das vítimas do incêndio que atingiu o Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro, foi realizado: a família dele, de Itararé (SP), conquistou a casa própria depois de entrar em um acordo com o clube.

“Ele sempre comentava que queria dar uma casa para a gente. Era o sonho dele”, afirma Gedson Fábio Beltrão dos Santos, pai de Gedinho.

O adolescente, de 14 anos na época, foi um dos 10 mortos no incêndio, que deixou outras três pessoas feridas. Horas antes da tragédia, Gedinho chegou a postar no Facebook que havia se mudado para o Rio de Janeiro e muitos o parabenizaram pela conquista.

De acordo com o pai, um cômodo da nova casa se transformou em um memorial e conta com fotos, troféus e medalhas do filho. “Agora, na casa nova, a gente montou um quartinho com as conquistas dele, que foram muitas”, diz.

Ainda segundo Gedson, após a tragédia, o que fica são as lembranças do filho que, desde a infância era possível saber que se tornaria um bom jogador. O garoto chegou a ganhar diversos títulos como artilheiro das competições.

“Jogar futebol era o que ele queria, o que gostava e fazia feliz. A gente sempre apoiou. Ele tinha a certeza de que seria jogador e nunca teve dúvidas em relação a carreira.”

Para o pai, mesmo depois de um ano, é difícil lutar contra a saudade e relembrar a tragédia.

“A gente acorda e parece que estamos vivendo em um pesadelo. O que mais tem dado força é Deus, nossa base, e também a família. Acreditamos que Deus tem um propósito para a nossa vida. Ele dá um filho para a gente cuidar e quando acha por bem, recolhe. O que fica é a saudade”.

Antes do adolescente ir para o Flamengo, Gedson jogou no Trieste Futebol Clube, de Curitiba, no Athletico-PR e começou no projeto Associação Atlética Banco do Brasil, em Itararé.

Após o incêndio, um ginásio de Itararé foi batizado com o nome de Gedinho. De acordo com a prefeitura, o local foi palco de treinos e jogos do atleta e, por isso, uma lei municipal batizou o ginásio de “Gedson Corgosinho Beltrão dos Santos – Gedinho”, que está localizado no Centro Esportivo “Lauro Loureiro de Mello”.

O incêndio atingiu o alojamento no Ninho do Urubu, na Zona Oeste do Rio, na madrugada do dia 8 de fevereiro. Dez jovens atletas do Flamengo morreram no incêndio.

As chamas atingiram as instalações onde dormiam jogadores entre 14 e 17 anos que não residiam no Rio. No momento em que as chamas começaram, os garotos dormiam. Gedson Santos, o Gedinho, de 14 anos, foi o quinto identificado no IML.

Diário da Paraíba com Globo Esporte