Herbert Vianna faz jus ao prêmio que ganha em outubro pelo conjunto da obra como compositor

Com a homenagem da quarta edição do Prêmio UBC, o artista – de origem paraibana, criação brasiliense e vivência carioca – se junta a um seleto time de compositores formado por Gilberto Gil, Erasmo Carlos e Milton Nascimento, laureados nas edições anteriores.

Autor de 245 músicas em quase 40 anos de carreira, Herbert Lemos de Souza Vianna faz jus a esse prêmio porque – no posto de principal compositor do power trio carioca Os Paralamas do Sucesso, banda da qual também é vocalista e guitarrista – o artista se tornou dono de cancioneiro entranhado na memória afetiva do Brasil.

Herbert Vianna está entre os compositores fundamentais da geração pop projetada no Brasil dos anos 1980, figurando nesse time ao lado dos contemporâneos Arnaldo Antunes, Cazuza (1958 – 1990) e Renato Russo (1960 – 1996), embora nem sempre tenha sido incensado (como compositor) como Cazuza e Renato.

As canções do artista têm assinatura pessoal e intransferível que atesta a originalidade de obra que vai dos dilemas juvenis de Óculos (1984) às reflexões maturadas de Partir, andar (2000), passando pela brasilidade de Alagados (1986, com Gilberto Gil, Bi Ribeiro e João Barone) – música emblemática ao apontar o caminho da miscigenação tropical para o rock made in Brasil na primeira metade da década de 1980 – e pelo suingue de Ela disse adeus (1998).

Dentro dessa obra, pautada tanto pela crítica social como pelas abordagens de questões amorosas, salta aos ouvidos a beleza melódica e poética de baladas em dilemas afetivos e existenciais.

Caleidoscópio (1987), Derretendo satélites (1998, com Paula Toller), Lanterna dos afogados (1989), Meu erro (1984 – rock que Zizi Possi teve a inteligência de reapresentar em 1989 como canção), Nada por mim (1985, com Paula Toller), Quase um segundo (1988) e Se eu não te amasse tanto assim (1999, com Paulo Sérgio Valle) estão entre o que de melhor foi produzido no Brasil nesse gênero de canção pop romântica.

Com afeto ou com a pegada de O beco (1988, com Bi Ribeiro), a música de Herbert Vianna consegue a proeza de se comunicar com o público de A a Z sem jamais ter apelado para a banalidade.

Por isso mesmo, todo o ciclo de homenagens virtuais da edição online do 4º Prêmio UBC – em cronograma que vai de 1 a 9 de outubro – faz justiça a um compositor que, mesmo tendo perdido parte da fluência autoral a partir do acidente de ultraleve que o deixou paraplégico em 2001, continua relevante pelo expressivo conjunto da obra construída nos anos 1980 e 1990.

Diário da Paraíba com G1.com