O dia 7 de Setembro foi marcado por protestos que levaram milhares de pessoas em todo o Brasil às ruas para mostrarem o seu descontentamento com o governo. A maioria usava preto em “luto” pelo país por discordar das políticas públicas do presidente da República, Jair Bolsonaro. Cortes na Educação, Saúde e Amazônia foram alguns dos temas abordados nos protestos.
A expectativa é de que cerca de 20 mil pessoas compareçam na Esplanada para acompanhar o desfile cívico-militar. Assim que fez sua primeira aparição, o presidente da República foi vaiado em certos pontos da arquibancada. Ele chegou em carro aberto acompanhando do filho, Carlos Bolsonaro.
Quebra de protocolo
Quando Bolsonaro desceu da tribuna, o mestre de cerimônias anunciou no microfone que o ato representava uma quebra do protocolo seguido há 30 anos — geralmente, o presidente é conduzido até a tribuna ao desfilar em carro aberto e lá permanece até o fim da comemoração. A fuga à tradição foi um desafio para a equipe de segurança que contava com 2 mil militares e incluía atiradores de elite que podiam ser vistos nos topos de ministérios próximos à tribuna.
Do outro lado de Brasília
No Eixo Monumental de Brasília também houve protestos de militantes de esquerda que fizeram o tradicional Grito dos Excluídos, organizado pela Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Eles pediram “Fora Bolsonaro” e “Lula livre”, aos pés da Torre de TV e no semáforo da via. Eram dezenas de manifestantes, vestidos de preto, com bandeiras de partidos de esquerda, da União Nacional dos Estudantes (Une) e de outras organizações.
No Rio de Janeiro
Jovens vestindo preto ligados à UNE (União Nacional dos Estudantes), partidos de esquerda e outros manifestantes ocuparam um quarteirão para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Quando o evento acabou, eles entraram na avenida e andaram no sentido contrário ao desfile.
Amazônia, educação e população indígena foram algumas das políticas criticadas pelos manifestantes, que também incluíam movimentos LGBTQ+. Alguns ainda carregavam bandeiras do Brasil, nos últimos anos associada a protestos da direita.
Em São Paulo
No mesmo horário em que começavam os desfiles de 7 de Setembro em Brasília, no Parque do Anhembi, em outro ponto de São Paulo tinha início a concentração convocada por diversas lideranças de movimentos sociais e sindicais. Entre as palavras mais ouvidas estavam “Fora Bolsonaro” e “Lula livre”.
Além do preto, o vermelho – geralmente associado à esquerda – também predominava nos trajes. Da Praça Oswaldo Cruz, por volta das 11h30, o público saiu em cortejo pelas avenidas Paulista e Brigadeiro Luís Antônio, até o Monumento às Bandeiras, no Parque do Ibirapuera.
No Recife
Na Capital do Pernambuco, os manifestantes participaram de uma caminhada de quatro horas, que começou às 8 horas, em direção ao Parque Amorim, na área central.
A manifestação também chamou a atenção para as queimadas no Norte do Brasil. “São várias as situações que estão nos preocupando e a Amazônia é uma delas”, destaca o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido.
A marcha ocupou quatro faixas da Avenida Agamenon Magalhães, uma das principais vias da capital, ao longo de duas quadras. Procurada, a Polícia Militar não estimou a quantidade de manifestantes.
Salvador
O Grito dos Excluídos começou a tomar forma por volta das 9 horas deste sábado, 7 de setembro, em Salvador. Vestidos de preto ou vermelho, manifestantes iniciaram uma marcha cerca de duas horas depois com um ato ecumênico. Entre os participantes, representantes de sindicatos, religiosos, estudantes e cientistas. O grupo tem a intenção de seguir até a Praça Castro Alves.
“O presidente convocou os patriotas para que usassem verde e amarelo em homenagem à Amazônia. Já os movimentos estudantis convocaram os estudantes e toda a sociedade para vir para a rua de preto, em luto pelo que está acontecendo na Amazônia e contra os atentados à educação. O que nos motiva é a defesa do nosso País, patriotismo de verdade, não essa imagem que ele está tentando vender”, afirma Debora Nepomuceno, de 20 anos, vice-presidente nacional da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).
Belo Horizonte
Manifestantes ainda realizam protesto em Belo Horizonte contra o governo de Jair Bolsonaro. O ato, que integra o Grito dos Excluídos, acontece sob o viaduto Santa Tereza, na região central da capital mineira.
Parte dos presentes veste preto, em reação a convocação de Bolsonaro para que a população saísse às ruas com roupas verde e amarelo neste sábado. Muitos, porém, preferiram o vermelho.
Faixas de “Lula Livre” foram espalhadas pela região. Predomina no protesto cartazes e placas exigindo investimentos na área da educação. Alunos e professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) usavam camisetas com a frase “conhecimento sem cortes”.
Outros protestos estão marcados até o fim do dia em várias capitais. Em Porto Alegre, Curitiba, Cuiabá, Macapá, Boa Vista, Porto Velho e Manaus, os atos devem ocorrer à tarde.
Protestos nas Redes Sociais
Teste de popularidade diante do público presente na solenidade em Brasília, o desfile de 7 de setembro também aqueceu as redes sociais na manhã deste sábado. Entre os dez assuntos mais comentados do momento no Twitter, por exemplo, chegaram a figurar as hashtags #7deSetembro e #Dia7dePretoNaRua e as expressões “Dia da Independência” e “Feliz 7”. Houve espaço também para comentários sobre Dom Pedro I, que em 1822 declarou a independência brasileira em relação a Portugal — ele também apareceu entre os temais mais explorados.