Elba Ramalho relembra luta contra câncer de mama e celebra: “enquanto há vida, há esperança”

A cantora paraibana Elba Ramalho assinou um texto, publicado nesta quinta-feira (1), na Revista Vogue, em que relata a experiência de superação de um câncer de mama.

Optei pela fé, esperança, confiança em Deus e isso me ajudou muito em todos os processos que enfrentei e me ajuda até hoje.“, diz a cantora no texto.

No texto, Elba afirma que recentemente superou a covid-19: “Me sinto vitoriosa. Já passei por muitas dores e agora a Covid-19, que acaba de ser superada.” Ela foi diagnosticada com covid-19 no dia 15 deste mês.

A cantora também comentou sobre as dificuldades, relacionamentos, e suas expectativas para o próximo disco. Confira o texto na íntegra abaixo:

Meu câncer apareceu em abril de 2010. Estava no Rio de Janeiro, descansando após o Carnaval intenso que tinha feito em Pernambuco quando fiz um exame de rotina logo depois de ter achado algo muito pequeno ao apalpar a mama. Foi tudo uma surpresa. Tenho uma alimentação saudável, tomo cuidado com minha saúde e não esperava ter um câncer, mas ali estava. Eu tinha que aceitar e enfrentar a realidade. Há um caminho que se percorre entre descobrir, investigar, retirar e executar o tratamento sugerido.

Primeiro, passei pelo impacto da notícia: nódulo maligno na mama. A palavra já vem carregada de medo, susto, receio, fragilidade, revelação, aceitação e esperança acionada. Superado o susto, passamos então pelo processo da cirurgia e o resultado do pós-operatório que determinam o tratamento. Após a retirada da mama e análise técnica do nódulo foi determinado o tratamento, no meu caso sem o uso da quimioterapia, o que foi um grande alívio. Fiz apenas algumas sessões de rádio.

A palavra câncer tem um fardo pesado, é quase uma sentença de morte. Isso é um tabu que tem que ser quebrado. E é claro que a cabeça precisa estar no lugar porque é um processo que exige comunhão entre corpo e mente. O medo de morrer, de sofrer, de não superar acaba sendo maior que a possibilidade de sobrevida. Enquanto há vida, há esperança. Optei pela fé, esperança, confiança em Deus e isso me ajudou muito em todos os processos que enfrentei e me ajuda até hoje.

O preconceito do sentenciamento de morte que a doença em si sugere é uma das partes mais difíceis dessa doença. A dor é sempre solitária, é de cada um, assim como a força da cura. Mas a religiosidade me ajudou. A fé é tudo! Viver é Cristo e o morrer é ganho. Isso me ajuda muito a não ter medo das adversidades da vida. Passei por um câncer, assim como por outras doenças, como a Covid-19 neste momento. Não escolhi ter doenças, mas tenho que aceitar com resignação e fé na cura.

Após me curar do câncer, fiz a escolha de viver a castidade, espontaneamente, sem pressão externa. Não mudei de ideia até hoje, apenas mudei o discurso em vista ao que isso provoca nas pessoas. São tantas perguntas, tantas cobranças e julgamentos que nos sentimos oprimidas em não seguir o protocolo imposto pela sociedade. Isso me cansou, além de surpreender, afinal existe mesmo uma liberdade pessoal que assegura a todos o direito de escolha, o direito de ser e existir, de ir e vir? Dizem que fiz votos de castidade, mas não é isso. Até porque não sou uma religiosa de quem se exige votos.

Coloco hoje o adendo de que seja feita a vontade de Deus até para um possível romance no futuro. Assim todos relaxam com relação a este tema e deixam viver o que eu quero, tranquila, sem sobressaltos. Não estou fechada para o mundo, mas para alguns embates. Não sou a primeira mulher a viver sem sexo e a querer se preservar de certos tipos de relação. Não morri, não sofri, não tive pesadelos e não me sinto só. Me sinto livre. Não entendo porque acham que preciso de contato físico. O amor não pode estar além disso? A vida é feita de escolhas. Tenho as minhas e sou bem feliz com elas. E inclusive tenho liberdade de mudá-las.

Depois de viver o câncer meu olhar está mais sereno e a certeza de que morreremos um dia é bem mais sólida. Aliás, viveremos para sempre. Me sinto vitoriosa. Já passei por muitas dores e agora a Covid-19, que acaba de ser superada. Depositei toda essa energia em meu disco novo que é a esperança alegre de saber esperar o amanhã. Este projeto está sendo feito em uma parceria com meu filho Luã, um encontro eterno de almas e o resultado é um balaio cheio de amor! Viver é para os fortes. Paz e bem.

Diário da Paraíba com ClickPB