As companhias aéreas American Airlines e United anunciaram nesta quarta-feira que começarão a cortar mais de 30 mil empregos, após o fracasso das negociações para estender a ajuda do governo americano ao setor aéreo, afetado pela pandemia do novo coronavírus.
Ambas as empresas assinalaram que poderão cancelar as demissões se os dirigentes republicanos e democratas chegarem a um acordo em Washington nos próximos dias.
Um relatório apresentado quarta-feira pelo Grupo de Ação do Transporte Aéreo (Atag, na sigla em inglês) alerta que o colapso na aviação provocada pela pandemia de coronavírus pode acabar com 46 milhões de postos de trabalho em todo o mundo, afetando mais de metade dos 87,7 milhões de empregos gerados pela indústria.
A American Airlines indicou que começará a ordenar a demissão de 19 mil funcionários nesta quinta-feira. Já a United informou que cortará cerca de 13 mil empregos.
“Reconvocaremos os membros da equipe afetados” se os dirigentes chegarem a um acordo, afirmou o diretor executivo da American Airlines, Doug Parker, em carta dirigida aos funcionários. A United fez o mesmo em mensagem aos colaboradores.
O tráfego aéreo, em queda brusca desde o começo da pandemia, está longe de retomar seu nível normal. O número de passageiros que passam pelo controle de segurança nos aeroportos americanos caiu entre 60% e 70% em relação ao mesmo período de 2019, segundo dados oficiais.
Efeitos no Brasil
A situação das empresas do setor no Brasil ilustra os impactos da crise. A Latam entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA, enquanto a Avianca Brasil teve a falência decretada.
Com a crise do setor, a Latam demitiu em agosto 2.743 tripulantes e, no fim daquele mês, ameaçou realizar uma segunda rodada de cortes, que pode chegar a 600 tripulantes, sendo 130 pilotos.A Gol fechou acordo com os tripulantes, oferecendo programa de demissão voluntária, licença não remunerada e redução de salários e jornada. A Embraer, por sua vez, anunciou a demissão de 2,5 mil funcionários.
Em julho, a Azul iniciou um plano de demissão de funcionários. Os cortes, segundo o Sindicato Nacional dos Aeroviários, teriam chegado a 500 pessoas no país, mas as demissões devem crescer. A empresa tem 14 mil colaboradores, ao todo. Além das demissões, a companhia tem oferecido programas de licença não-remunerada e aposentadoria antecipada aos funcionários diante da queda de receita.
No início do mês passado, Gol e Azul receberam do BNDES os termos da proposta para captar ao menos R$ 2 bilhões. A Latam Brasil foi a única das três grandes do segmento que não recebeu os termos do banco de fomento ainda.
Diário da Paraíba com ClickPB