Os ofícios foram enviados ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ao Ministério da Justiça, à Procuradoria-Geral da República (PGR), à Polícia Federal e à superintendência da PF no Distrito Federal.
Em comunicado, a Anvisa diz que reiterou os pedidos de proteção policial para os membros da agência – que já haviam sido feitos quando os diretores receberam ameaças de morte em novembro.
Os ataques se intensificaram desde esta quinta-feira (16), quando a Anvisa autorizou o uso de doses pediátricas da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Poucas horas depois, o presidente Jair Bolsonaro fez discurso em tom intimidatório, em transmissão para apoiadores, para questionar a decisão da agência.
“O crescimento das ameaças faz com que novas investigações sejam necessárias para identificar os autores e apurar responsabilidades. Mesmo diante de eventual e futuro acolhimento dos pleitos, a Agência manifesta grande preocupação em relação à segurança do seu corpo funcional, tendo em vista o grande número de servidores da Anvisa espalhados por todo o Brasil”, diz a nota divulgada neste domingo.
“Não é possível afastar neste momento que tais servidores sejam alvo de ações covardes e criminosas”, segue a agência.
“A Anvisa não publicará os anexos que materializam as ameaças recebidas para não expor os dados pessoais dos envolvidos, no entanto, todas as informações foram encaminhadas às autoridades responsáveis. A Anvisa segue em sua missão de proteger a saúde do cidadão”, conclui o informe.
Desde novembro, os diretores da agência vêm sofrendo ameaças de indivíduos que se dizem contrários à aplicação de vacina contra a Covid no público infantil. A Polícia Federal concluiu um inquérito sobre o tema, que tramita em sigilo na Justiça Federal em Brasília.
Intimidação de Bolsonaro e ameaças
Horas após a Anvisa autorizar a vacinação contra a Covid para crianças de 5 a 11 anos, o presidente Jair Bolsonaro usou uma transmissão ao vivo para intimidar os servidores da Anvisa e convocar apoiadores a questionarem a decisão da agência.
Bolsonaro cobrou a divulgação do nome dos responsáveis pela autorização e disse que os pais devem avaliar se darão ou não o imunizante.
“Não sei se são os diretores e o presidente que chegaram a essa conclusão ou é o tal do corpo técnico, mas, seja qual for, você tem o direito de saber o nome das pessoas que aprovaram aqui a vacina a partir dos cinco anos para o seu filho. (…) Agora mexe com as crianças. Então quem é responsável é você pai. Tenho uma filha de 11 anos. Vou estudar com a minha esposa qual decisão tomar”, disse Bolsonaro.
A associação de servidores da Anvisa e o próprio diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres, repudiaram as falas em tom intimidatório.
Em nota divulgada na sexta, assinada por Barra Torres e pelos diretores do órgão, a Anvisa disse que está no foco e no alvo do ativismo político violento e que repele com veemência qualquer ameaça.
está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explicita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão”, declararam.
Também em nota, a associação de servidores da Anvisa (Univisa) disse que “repudia qualquer ameaça proferida contra o corpo técnico da Anvisa, bem como a quaisquer tentativas de intervenção sobre o posicionamento da autoridade sanitária que não advenham do debate estritamente científico e democrático”.
“Além disso, a Associação se solidariza com aquelas e aqueles que, extenuados pela carga de trabalho imposta pela pandemia, veem-se ainda perturbados e constrangidos por ameaças”, afirmam os servidores.
G1