A 99 anunciou que vai oferecer a instalação de novas câmeras nos carros que trabalham com viagens no aplicativo. A novidade é uma câmera que grava por dentro e por fora do carro e estará disponível para instalação a partir do dia 5 de outubro.
Segundo a empresa, a iniciativa é para garantir mais segurança para motoristas e passageiros nos processos de viagem e atualizar o método que já utilizava de câmeras dentro dos carros do aplicativo. Com o novo dispositivo, serão registrados também o som ambiente e imagens noturnas.
“A gente sempre está buscando melhorar a segurança. Sabemos que acontecem situações que vão para fora do carro, um acidente, alguma discussão. Usando esse atributo, que já era algo que a gente vinha pensando, acredito que tornamos essa segurança mais moderna”, afirma Ingrid Flesch, Gerente de Projetos de Segurança da 99, em entrevista ao Estadão.
A câmera tem lente “olho de peixe”, que permite uma maior abrangência da imagem, e será equipada com GPS e internet 4G dedicada, o que significa que os motoristas não precisaram mais compartilhar sua própria rede de internet para o dispositivo. No carro, a lente será instalada próximo ao retrovisor central do veículo, aquele acima do motorista.
A câmera registrará imagens a todo momento, que serão gravadas pelo sistema. Por um botão de emergência no dispositivo, o motorista pode alertar a central e reportar um problema – a partir de então, as imagens serão acompanhadas em tempo real e podem desencadear um chamado policial, caso a equipe de segurança julgue necessário.
“A câmera captura imagens apenas em corridas da 99. E qualquer compartilhamento só é feito por ofício da polícia. A nossa central tem essa conexão e se acontecer algo que precise de uma pronta resposta, de um acionamento direto, a gente tem esse canal com a polícia e eles conseguem entrar em ação”, pontua Ingrid.
As imagens são armazenadas por um período de dois meses e somente poderão ser acessadas pela polícia, por meio de um ofício, caso seja necessário. A empresa informou também que a câmera que registra as imagens externas passam por um algoritmo de inteligência artificial no servidor para borrar rostos e placas de carro, e só então são guardadas no sistema.
“Desde que o projeto surgiu, em 2018, a gente sempre se preocupou com a privacidade. Desde a criação a gente teve a ajuda do time jurídico e acompanhamento de escritórios externos. A gente sabe da Lei Geral de Proteção de Dados e todo o funcionamento da câmera foi pensado levando em conta a privacidade”, afirma Ingrid.
Para os motoristas que já possuem uma câmera no carro, a troca será gratuita. para quem quiser adquirir o aparelho pela primeira vez, será necessário pagar R$ 50 como taxa de instalação e R$ 10 por semana de uso. A empresa informou que o valor semanal será gratuito até o dia 31 de outubro.
Privacidade
Apesar de informar que as imagens da câmera são armazenadas de acordo com as Políticas de Privacidade e da Câmera de Segurança vigentes, o uso do dispositivo levanta questões sobre privacidade e segurança, principalmente pela captação de imagens e áudio do lado de fora do carro, envolvendo não só motoristas e passageiros, mas também pedestres e quem está em outro carro – e não tem como “optar” por não ter suas imagens captadas.
Em posicionamento, a 99 garante que “todas as imagens coletadas por suas câmeras de segurança são armazenadas de acordo com a legislação vigente no país e com as Políticas de Privacidade da companhia. Desde o início do projeto, a empresa priorizou a segurança das informações por meio do cumprimento de todas as normas aplicáveis – incluindo a nova Lei Geral de Proteção de Dados (Lei Nº 13.709, de 14 de agosto de 2018)”.
A empresa ainda informou que o usuário será notificado antes de cada corrida se o veículo designado possui ou não esse sistema de gravação. Caso deseje, o usuário poderá optar por cancelar a viagem sem custo adicional e outro carro será enviado no trajeto.
Para o pesquisador Bruno Bioni, fundador do Data Privacy Brasil, as precauções tomadas pela 99 podem não ser suficientes. “A finalidade do uso dessas câmeras precisa estar mais bem articulada. Se for por conta de casos de assédio, se for por conta de roubos, se for por conta de furtos e, assim por diante, cada caso desengatilha uma medida diferente”, diz o especialista.
“Em termos bem coloquiais, não adianta apenas a empresa dizer que está em conformidade com as regras do jogo. Ela tem que prestar contas a respeito disso, com um relatório de impacto à proteção de dados, mostrando as medidas adotadas para que os riscos não se concretizem.”
Diário da Paraíba com R7