Jean Carlos Nascimento dos Santos, o “Jean do 18”, chefiou o tráfico do Morro do Dezoito, em Água Santa. Segundo a polícia, em 2013, ele comandou a invasão ao Fórum de Bangu e, em 2016, mandou matar o próprio advogado. O criminoso estava preso desde 2017.
Jean conseguiu escapar com dois comparsas da Penitenciária Lemos de Brito, que fica dentro do Complexo de Gericinó, em Bangu.
Jean fugiu com a ajuda de uma corda feita com lençóis (teresa) jogada ao lado da base do Serviço de Operações Especiais, nos fundos do complexo de presídios. Atrás fica um lixão.
Além de Jean, também fugiram Lucas Apostólico da Conceição e Marcelo de Almeida Farias Sterque — também classificados como presos de alta periculosidade.
O que diz a Seap
Em nota, a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) informou que “desde que tomou conhecimento do ocorrido, passou a mobilizar as suas forças para apurar as circunstâncias do episódio, suspendendo de imediato as visitas e promovendo uma vistoria geral na unidade”.
A secretária Maria Rosa Lo Duca Nebel foi à penitenciária para acompanhar as perícias e colocou a Divisão de Recaptura (Recap) da Polícia Penal na rua em busca dos foragidos.
Maria Rosa também determinou a transferência de dois custodiados da mesma facção dos foragidos para Bangu 1: Alcimar Pereira dos Santos e Anderson Ribeiro Dias.
O ataque ao Fórum de Bangu
No dia 31 de outubro de 2016, um PM e uma criança morreram após uma troca de tiros quando criminosos invadiram o Fórum de Bangu, na Zona Oeste do Rio.
Jean, na época chamado de Menor, comandou a ação, que tinha o objetivo de resgatar presos que prestariam depoimento e de executar o juiz Alexandre Abrahão.
O menino Kayo da Silva Costa, de 8 anos, jogava futebol na escolinha do Bangu e vestia o uniforme do clube quando foi atingido por um disparo. O PM que morreu, o sargento Oliveira, fazia a segurança da portaria do Fórum.
Pelo menos quatro criminosos, segundo a PM, invadiram o fórum para libertar Alexandre Bandeira de Melo, o Piolho, então chefe do tráfico do Morro do Dezoito, e Vanderlan Ramos da Silva, o Chocolate, também chefe do tráfico de favelas de Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
A morte do advogado
Em 2016, Jean foi indiciado por mandar matar seu advogado, Roberto Rodrigues.
Em dezembro do ano anterior, Roberto saiu para se encontrar com Jean e não foi mais visto. A Delegacia de Descoberta de Paradeiros concluiu que o advogado foi assassinado pelos próprios clientes porque não conseguiu libertar dois comparsas deles que estavam presos.
“Ele havia se comprometido, já havia recebido o dinheiro, inclusive, para que dois traficantes da mesma facção fossem soltos até o dia 21 de dezembro de 2015. Isso não aconteceu, eles não foram soltos. Ele viu que ia morrer, ele conseguiu tomar a arma de um traficante, conhecido como Diguinho, e matou esse traficante. Após a morte desse traficante, ele foi morto por outros traficantes”, disse a delegada Elen Souto.
O carro de Roberto foi encontrado numa das entradas do morro do Fubá, em Cascadura, que é dominado por uma facção rival. Mas a polícia descobriu que foram os próprios traficantes do Morro do Dezoito que abandonaram o veículo lá para despistar os investigadores.
À época, Jean tinha 25 mandados de prisão, por crimes como homicídio e roubo.
G1