Covaxin: Bolsonaro terá que ser responsabilizado por corrupção, diz Renan

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), disse hoje no UOL Entrevista que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cometeu crime de corrupção no caso da tentativa de compra da Covaxin. Para o senador, o presidente ainda prevaricou em relação às denúncias na negociação da vacina indiana pelo Ministério da Saúde. “Entendo (que o presidente praticou corrupção) e as suas digitais estão no telefonema que fez ao primeiro-ministro da Índia pedindo para reservar 20 milhões de doses da vacina. E depois o crime óbvio de prevaricação, quando prometeu tomar providências com relação à investigação”, disse Renan.

O contrato de R$ 1,6 bilhão para aquisição de 20 milhões de doses da Covaxin é alvo de investigação da CPI. O documento foi firmado em fevereiro deste ano pelo Ministério da Saúde com a indiana Bharat Biotech, por intermédio da Precisa Medicamentos. De acordo com o contrato, o governo federal pagaria 1000% mais caro por dose da vacina do que anunciado seis meses antes pela própria Bharat Biotech. O documento só foi cancelado em julho, depois de virar alvo da CPI.

O detalhamento da investigação, as circunstâncias, os elementos probantes, tudo isso leva a crer que ele (Bolsonaro) terá que ser responsabilizado sim por crime de corrupção e que isso deverá constar do relatório (da CPI).

Renan Calheiros

A suspeita de prevaricação (quando um funcionário público retarda, deixa de praticar ou pratica indevidamente algo relativo às suas funções) por parte de Bolsonaro se deu a partir de notícias de que o deputado federal Luís Claudio Miranda (DEM-DF) afirmou ter informado ao presidente, em março, sobre um suposto esquema ilegal em torno da compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde.

Segundo o parlamentar, durante a reunião, Bolsonaro disse que sabia que um deputado da base do governo estava envolvido no caso e que levaria a denúncia ao delegado-geral da Polícia Federal, o que não foi feito. O deputado em questão seria o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), conforme informou o irmão de Miranda, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, em depoimento na CPI no dia 25 de junho.

Apenas em julho, após pedido da Procuradoria-Geral da República, é que a PF abriu um inquérito sobre o caso. Na ação, o presidente Jair Bolsonaro aparece investigado por prevaricação. “Aliás, crime esse que deve ser repartido com o próprio general Pazuello, que também não encaminhou providência nenhuma, absolutamente”, afirmou Renan, sobre o ministro da Saúde na época das denúncias.

 

Diário da PB com Uol.com