A deputada federal Flordelis (PSD-RJ) voltou a afirmar, em entrevista ao Conversa com Bial (Globo), que uma das filhas, Simone, é a responsável pelo assassinato do marido, o pastor Anderson.
Há dez dias, em sua primeira defesa no Conselho de Ética da Câmara para evitar ser cassada, a deputada chorou, negou ter mandado matar o marido e acusou duas filhas de terem orquestrado o crime.
Segundo Flordelis, ela não sabia que Anderson e Simone namoraram antes do relacionamento dela com o pastor, lembrou a história dos dois, disse que era tratada como princesa e contou detalhes do dia em que ele morreu.
Na noite do assassinato, segundo a deputada, eles tinham ido passear na praia de Copacabana, trocaram declarações de amor e namoraram em um trecho vazio da orla antes de voltar para casa.
O jornalista Pedro Bial apontou falhas na versão de Flordelis, como o fato de as câmeras mostrarem que ela e o pastor estavam em Botafogo, e não em Copacabana, no dia do crime.
Já em casa, ela contou que conversava com um neto quando ouviu o barulho de tiros vindos da garagem. Logo em seguida, uma das filhas entrou assustada no quarto e depois outros filhos chegaram. “E eu não vi meu marido. Comecei a gritar”, disse.
Em seguida, um dos filhos contou que Anderson havia sido baleado. Ela foi para o hospital, foi sedada e soube que ele havia morrido. “Eu nunca iria acreditar que os assassinos do meu marido estariam dentro da minha casa”, afirmou, ao explicar porque acreditou na hipótese de latrocínio no início das investigações.
Ela declarou ainda não saber quem atirou no marido e procura até hoje essa resposta. “Eu não sou a mandante do crime do meu marido. Eu jamais mandaria matar alguém. Eu não tinha motivos para isso”, afirmou.
Acusada pelo Ministério Público de ter sumido com o celular de Anderson, Flordelis disse não lembrar do que aconteceu por ter sido sedada. Ela admitiu, no entanto, que houve uma trama antes do assassinato a partir de mensagens de seu celular. Isso teria sido feito por outra filha, Marzy, que está presa.
Todos os filhos mais velhos saberiam sobre essa trama e, segundo a deputada, houve uma reunião familiar com pedido de perdão a Anderson.
Sobre outras tentativas de matar o marido, com veneno, por parte de filhos e netos, ela garantiu que só soube disso após o assassinato a tiros.
Flordelis negou ter escrito mensagens que partiram de seu celular para um filho chamando Anderson de traste e insinuando que ele deveria morrer.
Segundo ela, os filhos e alguns assessores têm a senha do seu celular. “Nunca fui de esconder senha de ninguém”, explicou.
A deputada chorou ao dizer acreditar que a filha Simone é a mandante do crime.
“Vou carregar a culpa pelo resto da minha vida. Culpa por amar demais um homem e não ver o que estava acontecendo em casa”, afirmou, referindo-se aos supostos abusos sexuais do marido contra a filha, que estava com câncer quando isso aconteceu.
Segundo ela, houve assédio sexual contra Simone inclusive em um dia em que ela voltou de uma sessão de quimioterapia.
“Não estou defendendo porque não concordo com o que fez”, afirmou. No entanto, a deputada disse que Simone carregou sozinha a dor de estar com câncer e sofrer violência sexual.
A deputada acha assustador o fato de a filha ter demorado mais de um ano para contar o que aconteceu. Ela afirmou que ainda não conversou com Simone e Marzy, acusadas do crime. Simone confessou e Marzy nega a participação.
Segundo Flordelis, os sete filhos que a acusam de encomendar o assassinato fizeram isso por dinheiro. Durante a entrevista, ela contou que ficou sem nada, faz empréstimos para pagar dívidas e recebe cestas básicas de amigos para alimentar os filhos menores. Não explicou, no entanto, de que forma os filhos que a acusam teriam sido beneficiados financeiramente.
“Sumiu muito dinheiro”, insinuou. De acordo com a parlamentar, quem administrava a maior parte do que ela ganhava como cantora gospel era o marido e um dos filhos, Mizael, um de seus acusadores.
“Mãe nenhuma tem que pagar pelos erros dos seus filhos. Eu não tinha motivo nenhum para matar o meu marido. As monstruosidades dele eu só soube depois”.
Folha Press