Muito mais do que sambar, para Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira desde 2014, o carnaval é um ato de resistência e manifestação cultural.
Politizada e ativista, a sambista posou com exclusividade para ensaio do G1 nas vielas do Morro da Mangueira, na Zona Norte do Rio, e falou sobre sua relação com o cargo que ocupa na escola.
“Estar hoje à frente da bateria, que é um lugar onde muitas pessoas conseguem me ouvir e me ver, me faz ter cada vez mais força para falar por todas as mulheres que também falam e não são ouvidas. Estou em um espaço que não represento só a mim, represento todas as mulheres periféricas. Então, se eu estou nesse lugar, não faço mais do que a minha obrigação por mim, por elas, pela minha irmã que tem 14 anos, e que vão tentar conquistar os seus espaços.”
“Quebrar um tabu é muito difícil. Mas esse desafio me faz crescer a cada dia como mulher. É estar dentro de uma escola de samba, à frente de uma bateria, e despertar nas pessoas o pensamento de que não faz diferença a roupa que eu estou vestindo. E sim a minha essência, a mensagem que eu quero passar”, diz.
Para Evelyn, que tem 26 anos, é preciso urgência em rever a forma como o carnaval trata as mulheres. “Todas as pessoas deveriam reavaliar o olhar da mulher de carnaval ser tratada como um objeto. A gente é muito mais do que uma mulher que não sai da academia, não derrapa na dieta e não falha com a estética. Cada uma tem a sua história, tem a sua ligação com a comunidade. É preciso respeitar e não objetificar. O carnaval alimenta sonhos e não destrói”, analisa.