Ex-amante mandou amigo à Colômbia para matar mulher que sumiu ao chegar no aeroporto de Goiânia, diz delegado

A Polícia Civil de Goiás concluiu que o ex-amante de Lilian de Oliveira, de 40 anos, que desapareceu e foi morta retornar da Colômbia e desembarcar no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, mandou um amigo viajar até o país estrangeiro para localizar e matar a mulher.

Por dificuldades em encontrar Lilian no país e por não saber o idioma, Ronaldo Rodrigues Ferreira não conseguiu consumar o crime fora do país. A mulher foi morta ao chegar na capital goiana. As informações são do delegado Tiago Martimiano.

Segundo o delegado, o empresário Jucelino Pinto Fonseca, apontado como o mandante do crime, pagou as passagens de ida e volta, hospedagem e gastos previamente do amigo Ronaldo Rodrigues.

Em nota, a defesa de Ronaldo Rodrigues Ferreira disse que ele está “convicto de sua inocência”. O G1 aguarda o retorno da defesa de Jucelino Pinto Fonseca e Cleonice de Fátima Ferreira (leia as notas ao final).

Jucelino e Ronaldo chegaram a ser presos em maio e junho, respectivamente, mas foram soltos pelo Poder Judiciário em agosto. Atualmente, eles são monitorados por tornozeleiras eletrônicas.

A ex-babá do filho de Lilian, Cleonice de Fátima Ferreira, acusada de auxiliar no crime para ficar com a criança após a morte da mãe, também foi presa e liberada por um habeas corpus.

A investigação aponta os crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

Viagem à Colômbia

Ronaldo Ferreira ficou 12 dias na Colômbia, entre 5 e 17 de dezembro passado. Ele percorreu Bogotá em busca de Lilian, e fez campana no hotel onde ela estava hospedada, segundo o delegado, mas não a encontrou. As passagens de ida e volta foram adquiridas em dinheiro, conforme demonstrou a PC.

“Em relação a matá-la, [Ronaldo] disse que a cidade era muito grande e viu que não era possível. Quanto a contratar alguém, diz que até tentou, mas esbarrou no idioma”, conta Tiago Martimiano.

 

Devido às dificuldades, Ronaldo decidiu voltar ao Brasil e, depois, encontrar a vítima no aeroporto de Goiânia, conforme explicou o delegado. Lilian desembarcou na capital goiana em 13 de fevereiro deste ano, onde foi recebida por uma picape e depois desapareceu. A pessoa que a buscou no aeroporto seria, segundo a polícia, Ronaldo Ferreira.

Comprovantes da ida e volta do indiciado à Colômbia obtidos pela Polícia Civil de Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil de Goiás

Segundo o delegado, Lilian viajou para visitar um colombiano que conheceu no Brasil e com quem mantinha um relacionamento. A Polícia Civil apurou que a viagem dela também foi paga por Jucelino Fonseca, seu ex-amante.

“Bancada pelo Jucelino, porém, não era espontaneamente. Tinha que pagar até para ela viajar ver o namorado”, explica Martimiano.

A investigação concluiu que Jucelino contratou Ronaldo para matar a vítima e, em troca, perdoaria uma dívida de R$ 20 mil. O empresário alegou, em depoimento, que manteve um caso extraconjugal com a mulher e se sentia “feito de bobo” por ela estar em outro relacionamento.

Segundo a investigação, Lilian foi assassinada, teve o corpo carbonizado e jogado dentro da fornalha do laticínio pertencente a Jucelino. O corpo não foi encontrado.

Ronaldo foi preso no município de Buriticupu (MA) e recambiado para Goiás. Jucelino e Cleonice foram presos em Pires do Rio, no sul do estado.

Segundo polícia, Lilian foi queimada e teve o corpo jogado em fornalha de laticínio, em Goiás — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Notas de defesa

“A defesa de Ronaldo se manifesta no sentido de considerar somente o devido processo legal como parâmetro na atual e futuras fases processuais, utilizando o Código de Processo Penal a seu favor envie a gente como ferramenta de defesa.

E que a presunção de inocência, consagrada na Constituição Federal, foi legalmente observada como beneplácito para ele responder o processo em liberdade, eis que está convicto de sua inocência e não representa risco à coletividade”.

G1/Goiás