Gizelly, do BBB20, diz que Marcela foi seu maior prêmio e planeja projeto em conjunto
Muito choro, muitos risos… Foram muitas as emoções que Gizelly, a Gigi Furacão, vivenciou em sua passagem pelo BBB20. Afinal, que Gizelly é essa que reúne ao mesmo tempo a advogada criminalista forte, que dissertava sobre as injustiças do sistema prisional brasileiro, e a mulher que derramava lágrimas a torto e a direito no reality?
“A Gizelly politizada também é frágil. A Gizelly que mostrei é a que chega em casa depois de fazer um júri de 12, 14 horas, absolver alguém ou perder a defesa de um inocente que ganha uma condenação de 30 anos nas costas. Essa precisa estar durona o tempo inteiro. Mas quando chega em casa, a Gizelly deita na cama e chora, porque eu conheço a dor do ser humano”, diz ela.
A dor que Gizelly se refere não é apenas a dor da realidade de seu dia a dia à frente de juízes e promotores que, segundo ela, sempre a encararam com preconceito por ser mulher, inteligente e “esteticamente bonita”. Nascida e criada na cidade de Iúna, a 180km de Vitória, no Espírito Santo, a ex-BBB coleciona momentos difíceis na vida.
Desde antes de nascer, Gizelly conviveu com o comportamento violento do pai, Osmir, que batia na mãe, Márcia, quando ela ainda estava grávida dela. Quando a ex-BBB tinha seis anos, Osmir morreu de forma violenta e Márcia precisou criar a única filha sozinha.
A principal fonte de renda da família era o cultivo de café nas terras herdadas do pai. Aos 14 anos, quando a festa de seus 15 anos estava quase toda paga, com buffet e salão de festa contratados, uma tempestade de granizo atingiu a lavoura e tudo foi perdido. O aniversário dos sonhos de Gizelly teve que ser cancelado para decepção da jovem debutante.
“Quando soube no programa que não teria a festa do líder, a tristeza da menina de 14 anos que não teve a festa de aniversário veio à tona. Foi por isso o meu sofrimento”.
Não ter ganho R$ 1,5 milhão no programa não foi problema para a capixaba que vê em Marcela seu maior prêmio. Segundo Gizelly, o sentimento que nutre pela amiga é de outras vidas.
“Sou hétero e nunca fiquei com mulher, mas a gente nunca sabe, né? Eu e a Marcela tivemos uma conexão muito grande. Quando eu entrei na casa e olhei para ela, notei que era um encontro de almas. Pensei: ‘Que saudade estava de você! ’, foi a sensação que tive. A Marcela foi uma das melhores pessoas que eu conheci! Meu Deus, como amo essa mulher! ”
Se no programa ela questionou se seguiria como advogada aqui fora, a certeza de que jamais o Direito lhe abandonaria veio assim que ela deixou a casa após a sua eliminação. Ao ligar o telefone, viu uma mensagem do presidente da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas (Abracrim) do Estado do Espírito Santo confirmando que seu cargo de diretora da ala Jovem Advocacia Criminal, do órgão, ainda era dela.
“Tomei posse em novembro e não pude tocar o cargo porque vim para o BBB. Mas fiquei muito feliz quando ele disse que torceu por mim e que continuo no cargo. Sempre sonhei em aparecer na televisão e quando surgiu a oportunidade do BBB, não pude dizer não. Abdiquei de um sonho para pegar outro. Sempre sofri preconceito dos advogados que achavam um absurdo eu posar de biquíni nas redes sociais, eu achava que minha profissão tinha acabado pela minha exposição no programa”.
Depressão
Outro momento difícil na vida de Gizelly foi a depressão que enfrentou um ano após se formar em Direito e logo em seguida colocar 300ml de silicone nos seios. Ela estava certa que trabalho e dinheiro viriam juntos com a conclusão da faculdade e que as próteses ajudariam a elevar a sua autoestima e lhe trazer felicidade. Mas a realidade se apresentou diferente para a recém-formada.
“Eu tinha um relacionamento abusivo na época e, somado aos traumas que tive na infância, de violência doméstica com meu pai, fui ao fundo do poço. O corpo transbordou. Minha mãe um dia foi me visitar e, nas duas primeiras semanas, além de me levar a um psiquiatra, contratou uma mulher para me dar banho e comida. Perdi a razão de viver e eu sou uma pessoa que ama viver! ”.
“Eu só queria saber de dormir, porque dormir passava a dor. Era um remédio para acordar e um remédio para dormir”.
Ataques de nervoso
Os ataques de nervoso que Gizelly dava dentro do BBB mostravam um lado que ela quer superar:
“Esses traumas, a morte do meu pai, o fato dele bater na minha mãe… A depressão vem de qualquer jeito. Os bens materiais não suprem. Eu não queria reproduzir essa agressão. Quando acontecia lá no programa, ficava mal. Sou metade minha mãe e meu pai. A raiva que tem dentro de mim é a metade dele e eu não quero jogar isso no universo. Não gosto de gritar com as pessoas. Quando acontecia, isso me remetia ao que vivi”.
Com a ajuda médica, aos poucos Gizelly foi se recuperando. O remédio foi cortado em março do ano passado e sua vida voltou ao normal. Uma das recomendações médicas é que ela pratique atividade física diariamente e que inclua na prática de 15 a 20 minutos de exercícios aeróbicos.
“Gosto muito de me alimentar bem para acordar cedo no dia seguinte e malhar, isso produz serotonina, o hormônio do bem-estar. Engordei 10kg no programa e perdi todas as minhas roupas.
Mas sei que, agora, voltando à rotina, meu corpo voltará ao normal. Nós somos corpo, mente e espírito. Quando uma dessas coisas desalinha, alguma coisa vai dar errado na gente”.
Dos muitos projetos que têm em mente, Gizelly pretende se unir a Marcela, Ivy e Manu para ajudar as mulheres:
“Quero fazer projetos com Marcela para ajudar mulheres vítimas de violência doméstica. Vamos unir a minha OAB com a Medicina dela. Chamei a Manu para ela ir cantar para as presas no presídio do Espírito Santo e a Ivy para fazer a maquiagem. São mulheres abandonadas, que a sociedade esquece. Acho que a minha missão na terra foi ter visibilidade para falar dessas pessoas esquecidas”.
Diário da Paraíba com BBB