Goleiro Bruno deve usar tornozeleira eletrônica, inclusive durante jogos

A Justiça do Acre determinou que o goleiro Bruno Fernandes use tornozeleira eletrônica, de forma ininterrupta, durante o cumprimento da sua pena em regime semiaberto no estado, inclusive durante os treinamentos e jogos do Rio Branco Football Club, o Estrelão.

O goleiro foi contratado pelo Estrelão no final do mês de julho. A decisão, divulgada nessa segunda-feira (7), é do juiz da Vara de Execuções Penais, Hugo Torquato, após um pedido do Ministério Público do Acre (MP-AC).

Ao G1, o empresário do goleiro, Bruno Kling, disse que desde que o atleta foi notificado sobre a decisão, no último dia 4 de setembro, ele foi até o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) para pegar a tornozeleira e já começou a usar.

“Ele já está usando o equipamento. Em alguns treinos e jogos é retirado o aparelho. A gente não tem problema nenhum com isso não. Ele só quer trabalhar”, disse o empresário.

Apesar de já estar usando o aparelho, o empresário afirmou que a defesa de Bruno deve recorrer da decisão.

A decisão da Justiça leva em consideração o fato de que todos os reeducandos em regime semiaberto no Acre usam o equipamento eletrônico de monitoramento.

Condenado em março de 2013 a mais de 20 anos pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza Samudio e pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho, o goleiro ganhou direito ao benefício em 2019, após ter cumprido o tempo necessário para progressão da pena, conforme está previsto na Lei de Execuções Penais.

“Os reeducandos no regime semiaberto no Acre usam tornozeleira eletrônica. Outros estados não sei, alguns usam e outros não, mas aí vai de cada estado. No Acre usa. Não poderia ser diferente dele, porque ele não é melhor que ninguém, não é porque ele é famoso que não vai colocar”, explicou o promotor de justiça Tales Tranin, da 4ª Promotoria Criminal de Execução Penal e Fiscalização de Presídio.

O promotor informou que o goleiro deve começar a usar tornozeleira eletrônica assim que for intimado pela Justiça. Ainda segundo Tranin, se os advogados de defesa de Bruno comprovarem que há impossibilidade de usar o equipamento durante os treinamentos ou jogos, o pedido deve ser analisado.

“Caso a defesa comprove que na hora do jogo ou do treino haja alguma impossibilidade de jogar ou treinar com a tornozeleira, vai ser analisada a possibilidade da retirada. Mas, por hora, a decisão é que ele use a tornozeleira direto”, destacou Tranin.

O promotor também citou um precedente que aconteceu no Campeonato Escocês, na temporada 2018. Na época, Paul McGowan, do Dundee United, da Escócia, jogou com tornozeleira eletrônica por estar em liberdade condicional.

“Ele jogou com tornozeleira e com meião. Deu para jogar. Já tem esse precedente”, alegou.

Repercussão após contratação

Desde o anúncio da contratação do goleiro pelo time acreano, diversos movimentos emitiram notas de repúdio.

Uma petição online juntou 3,6 mil assinaturas pedindo o cancelamento da contratação. No dia 31 de julho, um grupo se reuniu em frente ao clube e protestou mais uma vez contra a contratação.

Com a repercussão negativa, uma rede de supermercados da capital do Acre, que era o único patrocinador do clube na atual temporada, anunciou a suspensão do patrocínio pela primeira vez após 14 anos de parceria.

Diário da Paraíba com G1.