Thayane contou ao site que saía de casa na sexta-feira (20) para ir a um curso, quando ele a abordou e obrigou que seguisse em seu carro com ele. A vítima foi levada até a casa do jovem, onde conta que passou por uma sessão de tortura, com agressões e ofensas.
Em um momento das agressões, Gabriel disse que faria uma terceira tatuagem nela com seu nome, mas agora no rosto. Segundo Thayane, ela era vítima de violência doméstica e já tinha sido agredida outras vezes e, em duas delas, o ex já havia a marcado com seu nome com tatuagens no seio e na virilha.
“Logo depois das agressões, ele amarrou os meus dois braços e falou que ia tatuar meu rosto. Eu chorei, implorei. Eu pedi para ele não fazer isso porque ia destruir a minha vida e ela disse que faria mesmo assim. E enquanto eu gritava, ele me batia. Eu só vi a tatuagem pronta depois e só conseguia chorar”, conta.
Thayane tinha uma medida protetiva contra Gabriel e a mãe acompanhava a rotina da filha, que não saía sozinha de casa, com medo de que fosse pega pelo ex. Quando soube do sequestro, a mãe tentou conversar com o jovem que a encaminhou um áudio dizendo que não adiantava ela pedir, que nada ia mudar.
No sábado (21), a jovem conseguiu fugir da casa onde era mantida em cárcere e foi acolhida pela mãe com hematomas e a tatuagem cobrindo a lateral do rosto com o nome do ex-namorado.
A mãe procurou a polícia e ele foi preso por descumprimento de medida protetiva que a jovem tem contra ele.
Na delegacia, o agressor apresentou um vídeo em que Tayane dizia permitir a tatuagem e com isso alegou o consentimento da jovem. A versão é investigada pela polícia, já que a jovem conta que esteve sob ameaça e amarrada durante a gravação.
O caso foi encaminhado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), que vai investigar o caso. O agressor segue preso após passar por audiência de custódia.
Relacionamento abusivo
A vítima contou ao g1 que eles se conhecem há seis anos e começaram a namorar há dois anos, quando ela tinha 16. Os primeiros meses do relacionamento começaram tranquilos, de acordo com Thayane, mas ao longo do primeiro ano ele passou a ter comportamentos possessivos, até que começaram as agressões.
“Ele começou impedindo que eu usasse uma roupa, depois de andar com meus amigos e quando eu vi já estava me batendo. Eu acabei contando para a minha mãe e terminamos. Oito meses depois, ele me disse que ia mudar e eu aceitei, foi o meu maior erro”, conta.
Após reatarem, eles foram morar juntos, quando Thayane passou a ser vítima de constantes agressões, teve o seio e a virilha tatuada com o nome do jovem e só conseguiu sair de casa fugida.
“Eu pedi uma protetiva depois disso, consegui um emprego e estava levando a minha vida. Ele me ameaçava, eu já não tinha mais rede social, celular, até que ele me pegou na rua e disse que iria cumprir a ameaça que tinha, de tatuar a minha cara com o nome dele”.
Após a agressão, Tayane reconhece que estava em um ciclo de violência. “Eu só quero que as pessoas que estão vendo o meu rosto assim, me vendo, não tenham medo. Não pode ter medo, precisa denunciar, porque tudo fica pior”, diz.