Lava Jato manipulou impeachment de Dilma, diz Aloysio Nunes

O ex-senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que defendeu o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e foi chanceler do governo Temer (MDB), revelou em entrevista publicada pela Folha de São Paulo nesta sexta-feira (27) que reviu algumas opiniões sobre o afastamento da petista diante da divulgação de mensagens atribuídas a procuradores da Lava Jato pelo site The Intercept. Ele acredita que houve “manipulação política do impeachment” com a divulgação, por parte da Lava Jato, de diálogos entre Lula (PT) e Dilma.

“O Supremo Tribunal Federal acabou por barrar a posse do Lula [como ministro de Dilma] com base em uma divulgação parcial de diálogo, feita por eles, Moro e seus subordinados, do Ministério Público. Eles manipularam o impeachment, venderam peixe podre para o Supremo Tribunal Federal. Isso é muito grave”, afirmou, admitindo que o PSDB explorou esses diálogos à época. “Eu fui a favor do impeachment. […] Como uma presidente não consegue ter 173 votos para barrar o impeachment, que praticou atos que, à luz da própria legislação, constituiu crime de responsabilidade, não havia como a manter no poder”, argumentou.

Alvo da Lava Jato, Nunes não poupou críticas à operação e indicou que o caso de Dilma não foi a única decisão duvidosa da Lava Jato. Ele coloca em dúvida, inclusive, a delação do ex-presidente da OAS, Leo Pinheiro, que levou a sua investigação.

“Acho que os diálogos divulgados pelo Intercept e por vários veículos, entre os quais a Folha, carimbam muitos desses procedimentos de absoluta ilegitimidade”, afirmou, falando até da conduta do então juiz Sérgio Moro e dos procuradores de Curitiba.

“Não é possível, em um processo judicial, em um país civilizado, um juiz e os procuradores se comportarem da forma como se comportaram. Processo judicial exige um juiz independente, imparcial, que dê iguais oportunidades tanto à defesa quanto ao estado provarem seus argumentos”, acrescentou Nunes.

Por fim, o ex-senador indicou que não concorda mais com a própria afirmação, de 2016, de que ninguém poderia barrar a Lava Jato e cobrou providências sobre os fatos divulgados pelo Intercept. “Depois das revelações, eu fico profundamente chocado com o que aconteceu na Lava Jato. Acho que o Supremo tinha que tomar providências, uma vez que o Conselho Nacional de Justiça não sei se tomará”, disse.

Diário da Paraíba com Congresso em Foco