“Na minha primeira diplomação em 2002, lembrei da ousadia do povo brasileiro em conceder, para alguém tantas vezes questionado por não ter diploma universitário […] Eu quero pedir desculpas pela emoção, porque quem passou o que eu passei nesses últimos anos, estar aqui agora é a certeza de que Deus existe”, começou Lula, com a voz embargada e muito emocionado.
O presidente eleito foi, por diversas vezes, ovacionado pelos convidados da cerimônia – a plateia era formada de apoiadores e aliados da chapa.
“Eu sei o quanto custou, não apenas a mim. O quanto custou ao povo brasileiro essa espera para que a gente pudesse reconquistar a democracia nesse país. Reafirmo hoje que farei todos os esforços para, juntamente com meu querido companheiro Geraldo Alckmin, cumprir o compromisso que assumi não apenas durante a campanha, mas durante toda a minha vida: fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo as pessoas mais necessitadas”, afirmou Lula.
“Poucas vezes na história desse país a democracia esteve tão ameaçada, a vontade popular foi tão colocada à prova e teve que vencer tantos obstáculos para enfim ser ouvida”, prosseguiu.
A cerimônia de diplomação foi realizada na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília. Também foi diplomado o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB). Com isso, ambos estão aptos a tomar posse nos cargos no próximo dia 1º de janeiro.
De acordo com o TSE, aproximadamente mil pessoas foram convidadas para acompanhar a solenidade, presidida pelo ministro Alexandre de Moraes.
Judiciário e eleições
No discurso de diplomação, Lula elogiou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – vítimas, segundo ele, de ameaças e agressões nos últimos anos.
“[…] Quero destacar a coragem do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Superior Eleitoral que enfrentaram toda a sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular”, disse.
O presidente agora diplomado também apontou condutas irregulares praticadas pelo candidato à reeleição derrotado nas eleições, Jair Bolsonaro (PL) – a quem acusou de usar a máquina pública para comprar votos.
“Os inimigos da democracia lançaram dúvidas sobre as urnas, cuja confiabilidade é reconhecida há muito tempo por todo o mundo. Ameaçaram as instituições, criaram obstáculos de última hora para que eleitores fossem impedidos de chegar a seus locais de votação, tentaram comprar o voto dos eleitores com falsas promessas de dinheiro farto desviado do orçamento público”, enumerou.
“Quando se esperava um debate político democrático, a nação foi envenenada com mentiras produzidas no submundo das redes sociais. Eles semearam a mentira e o ódio, e país colheu violência política que só se viu nas páginas mais tristes de nossa história. E no entanto, a democracia venceu.”
G1