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Medicação que reduz mortes por covid-19 passa por testes clínicos no Brasil

O medicamento dexametasona, apontado por pesquisadores da Univerdade de Oxford, no Reino Unido, como a primeira droga que, comprovadamente, reduz a incidência de mortes pela covid-19, também é estudado em pacientes graves no Brasil.

Coordenada pelo Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, a pesquisa é uma iniciativa da Coalizão Covid Brasil —grupo formado por grandes hospitais e laboratórios. O projeto brasileiro, que começou em abril, já recrutou pouco mais de dois terços dos 350 pacientes previstos no estudo.

“São contemplados pacientes que têm síndrome do desconforto respiratório agudo e estão em ventilação mecânica nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) de 40 hospitais em todas as regiões do país. Os primeiros resultados devem sair em agosto”, diz nota divulgada pelo Sírio.

Estudo de Oxford

Pesquisadores afirma que 5 mil vidas poderiam ter sido salvas

O medicamento de ação anti-inflamatória foi testado no que é considerada a maior pesquisa do mundo sobre coronavírus para encontrar um medicamento para o combate do vírus. Os pesquisadores afirmaram que se a droga tivesse sido amplamente utilizada desde o início da pandemia no país mais de 5 mil vidas poderiam ter sido salvas.

Durante o teste, a equipe de pesquisa de Oxford ofereceu o medicamento a 2 mil pacientes internados e os comparou com outros 4 mil que não receberam a droga. Para pacientes em respiradores, o risco de morte caiu em 40%, já para aqueles que estavam utilizando oxigênio a taxa foi de 25% a 20%.

“Dexametasona é a primeira droga que comprovadamente melhora as chances de sobrevivência da covid-19. A recomendação é que, a partir de agora a dexametasona se torne padrão no tratamento desses pacientes. O medicamento é barato e pode salvar vidas ao redor do mundo imediatamente”, explicou Peter Horby, pesquisador e chefe do estudo em Oxford, por meio de nota.

Dexametasona pode agravar quadro inicial

Dexametasona pode agravar quadro inicial, alerta o médico Fred Fernandes

O pneumologista Fred Fernandes, doutor em ciências médicas pela USP (Universidade de São Paulo) e atual presidente da SPPT (Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia), publicou um alerta sobre os riscos do uso de corticoide no tratamento da fase inicial da covid-19.

Segundo o médico, a infecção respiratória provocada pelo novo coronavírus é caracterizada por “fases bem distintas” e, por isso, é necessário prudência “antes de correr para a farmácia para comprar o remédio” de um estudo científico que ainda não foi publicado oficialmente.

“Na fase inicial (azul) o que predomina é replicação viral. Sabe o que corticoide faz com replicação viral? Aumenta. Então é possível que nessa fase dar o remédio seja jogar mais gasolina na fogueira”, escreveu no Twitter.

Fred Fernandes explica que a pesquisa com a droga apresentou resultados “satisfatórios” porque foi administrada durante a fase vermelha, quando o que predomina é a resposta inflamatória. “Isso corticoide trata bem. Reduz a inflamação. Não busque solução mágica e não se medique sem orientação. Nessa doença tudo tem que ser feito com cuidado e na hora certa”.

Diário da Paraíba com R7

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