Ícone do site Diário da Paraíba

Ministério Público faz operação para prender 11 PMs acusados de torturar e extorquir criminosos

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realiza, nesta quinta-feira, a “Operação Mercenários”, para prender 11 policiais militares integrantes de organização criminosa voltada para os crimes de corrupção, tortura, peculato e concussão — quando um funcionário público usa o cargo para obter vantagens indevidas. Além das prisões, os agentes cumprem 35 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos denunciados. Entre os investigados está o tenente-coronel André Araújo de Oliveira, comandante do 15º BPM (Duque de Caxias), e o chefe do Serviço Reservado (P2) do batalhão, o capitão Anderson Santos Orrico. Até o momento, nove agentes foram presos e cerca de R$ 253 mil em espécie apreendidos.

O Batalhão de Duque de Caxias é um dos endereços alvos de mandados de busca e apreensão. No local, os agentes encontraram R$ 37 mil foi encontrados na sala do capitão Anderson Orrico. Somando os R$ 96 mil da casa dele, foram R$ 133 mil apreendidos.

Também foram apreendidos armas, munições, radiocomunicadores, joias e R$ 120 mil em espécie na residência do subtenente Antônio Carlos dos Santos Alves, lotado no 15º BPM (Caxias).

Em nota, a PM disse que está colaborando com as investigações e que, preventivamente, André Araújo foi afastado do comando do batalhão de Caxias visando a isenção no andamento do caso. “A Polícia Militar não compactua com desvios de conduta e tem como objetivo a apuração dos fatos”.

Os agentes sequestravam e extorquiam criminosos, mediante tortura e pagamento de resgate. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), quatro dos denunciados exigiram cerca de R$ 1 milhão em propina do chefe do tráfico do Cantagalo/Pavão-Pavãozinho, identificado como Leonardo Serpa, o Léo Marrinha, para não prendê-lo em uma operação.

Léo Marrinha morreu em maio de 2020 durante uma operação conjunta das Polícias Militar e Civil no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. Na ocasião, outros 12 criminosos também foram mortos.

Entenda como funcionava o esquema

As investigações tiveram início a partir da análise de dados do aparelho celular do denunciado Adelmo Guerini, apreendido durante a “Operação Gogue Magogue”, realizada em agosto de 2020 para desmantelar um grupo miliciano que explorava o serviço de mototáxis na comunidade Asa Branca, em Jacarepaguá. A partir dos dados extraídos do aparelho, ficou constatado que PMs lotados no Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 24º BPM e na P2 (Seção de Inteligência da Polícia Militar) do 21º BPM, valendo-se da função desempenhada nos batalhões, integraram organização criminosa para cometer os crimes citados.

Adelmo e os denunciados Mário Paiva Saraiva, Antonio Carlos dos Santos Alves, Denilson de Araújo Sardinha, Weliton Dantas Luiz Junior, Francisco Santos de Melo, Marcelo Paulo dos Anjos Benício e Vitor Mayrinck, integravam a equipe Delta do GAT do 24º BPM, aliando-se para obter vantagens indevidas, através de acertos de propina com criminosos, em especial traficantes. Quando o acerto não era realizado, os denunciados realizavam atos de violência, através de extorsões, torturas e homicídios, além de desviar parte ou a integralidade de materiais ilícitos apreendidos que, muitas vezes, sequer eram apresentados à autoridade policial.

Em fevereiro de 2020, André Araújo, então subcomandante do 24º BPM (Queimados) assumiu o comando do 21º BPM (São João de Meriti), levando consigo parte do grupo para formar a P2 do 21º BPM (São João de Meriti), cujo chefe era Anderson Orrico.

A partir deste momento, o esquema criminoso existente no GAT do 24º BPM (Queimados) foi copiado e implementado no 21º BPM (São João de Meriti), com seus integrantes passando a contar com informantes e arrecadadores de propina próprios. Com isso, passaram a fazer parte da organização criminosa outros cinco policiais militares: Marcelo Leandro Teixeira, Oly do Socorro Biage Cei de Novaes, William de Souza Noronha, Fabiano de Oliveira Salgado e Thiago Santos Cardoso.

A operação é realizada em parceria com a Corregedoria da Polícia Militar. Os mandados de prisão e busca e apreensão foram expedidos pelo Juízo da Auditoria Militar do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

O Dia

Sair da versão mobile