Um dos mais renomados nomes da cultura paraibana, o artista plástico, músico e cenógrafo José Crisólogo morreu aos 69 anos, na manhã deste sábado (16), em João Pessoa. O artista, por cerca de dois anos, vinha se tratando de um câncer. Velório e sepultamento ocorreram no Cemitério Parque das Acácias, no Bairro do José Américo, em João Pessoa.
Natural de Picuí, interior paraibano, José Crisólogo da Costa residia na capital paraibana desde o ano de 1964. Autodidata, as obras do artistas sempre mostraram o imaginário do povo sertanejo na sua força para vencer as adversidades.
Tornou-se famoso por suas pinturas, especialmente, as da ‘Série Bovina’, em que ele homenageia e, também exorciza, a figura do boi, vértice da chamada “Civilização do Couro”, dos Sertões brasileiros; espécie de ícone, quase divinizado, da força vital e, ao mesmo tempo, símbolo de um sistema econômico de implacável dominação do homem.
Registrou em sua carreira diversas exposições, com destaque para o Salão de Artes Plásticas de Pernambuco (Recife, 1979 e 1980); o Salão Nacional de Artes Plásticas (Rio de Janeiro, 1981) e Reinauguração Casa da Cultura de São Miguel dos Campos (Alagoas, 2011).
Crisólogo discutia em sua pintura a relação homem-boi, esta união tão íntima num universo brasileiro, bem mais afetiva que comercial. Com maestria, ajustava as cores e estruturava o campo plástico com perfeito equilíbrio. Em suas deformações buscava o lado íntimo da vida, onde as vísceras eram postas à mostra e a carne dilacerada de verdade e dor. O pintor procurava respostas, uma reparação de antigas paragens, uma aquietação interna, que chegava em linha, forma e cor.
Desenhou a história da gravura no estado da Paraíba, juntamente com outros paraibanos, como José Costa Leite, Josineide Fonseca, Manuel Clemente, Martinho Campos, Pádua Belmont, Unhandeijara Lisboa e Xico Carvalho, chegando a fazer parte do ‘Clube da Gravura’, uma entidade cultural sem fins lucrativos que propunha a experimentação, pesquisa, preservação, divulgação e ensino da gravura, através de cursos, exposições e palestras.
Em 2009, foram leiloadas dez obras de artes produzidas por José Crisólogo, com pinturas artísticas e exclusivas de renomados artistas plásticos paraibanos, a exemplo de Flávio Tavares, Clóvis Júnior, Sandoval Fagundes, Sidney Azevedo, Margarete Aurélio, Chico Ferreira, Chico Dantas, Shiko, Diógenes Chaves e Célia Araújo.
As obras arrematadas foram doadas para o Centro de Apoio à Criança e ao Adolescente (Cendac) em João Pessoa, pela 4ª edição do Cineport, realizado durante o mês de maio na Energisa. Em 2011, com a reinauguração da Casa da Cultura em São Miguel dos Campos, Alagoas, foram expostas pinturas do artista no Espaço Irmãs Rocha.
José Crisólogo durante muito tempo pintou em telas, mas recentemente havia resolvido colocar a sua arte na rua, optando pela arte popular e se dedicava à produção de cenários para teatro, bonecos para o Carnaval e esculturas para ambientes.
Suas esculturas eram produzidas com tamanho e aparências reais. Além desses trabalhos, o artista plástico ainda vinha trabalhando também na área de decoração de rua durante os festejos juninos e natalinos. As peças desenvolvidas pelo artista podia – e ainda podem – ser adquiridas em seu ateliê, o Ateliê José Crisólogo, na capital paraibana.
Diário da Paraíba
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