Desde a origem da humanidade as maiores atrocidades já foram cometidas em nome de Deus. A igreja católica já reconheceu alguns erros, embora esse “arrependimento” não traz as vidas ceifadas de voltas e nem faz retomar o rumo que a História tomou por conta destas atrocidades.
Acompanhamos nos últimos anos o crescimento exponencial dos adeptos do protestantismo no Brasil, principalmente os de origem neopentecostal e da teoria da prosperidade. Líderes religiosos encontraram um terreno fértil na desigualdade social brasileira e com a promessa de prosperidade, ascensão social e da cura e libertação, arregimentaram rebanhos, riqueza e proximidade com o Poder.
As denuncias e investigações de corrupção, enriquecimento ilícito e até mesmo crimes com conotação sexual e homicídios contra vários destes “pastores” demonstram que em muitos casos, atrocidades seguem acontecendo tendo Deus como avalista.
Não demorou e esse avanço protestante chegou a Política e testemunhamos o surgimento da bancada da “Bíblia”, que curiosamente formou o bloco conhecido no Congresso Nacional como bancada BBB, que nada tem a ver com o reality show global. Trata-se da bancada da Bíblia, do Boi e da Bala. Ou seja, os “representantes de Deus” na Política, não estão do lado da trincheira onde estão os mais necessitados, mas lutam ao lado de agropecuaristas e armamentistas.
A cada eleição esse avanço chegava mais longe até que foi primordial para eleição de Bolsonaro e milhares de bolsonaristas em todo Brasil em 2018 e 2020. E o que vemos hoje são gestores sem a mínima disposição de desagradar esse público, mesmo que para isso seja necessário passar por cima de preceitos constitucionais, mudar leis, e até mesmo desconsiderar medidas sanitárias em meio a maior pandemia dos últimos cem anos para garantir que os líderes religiosos possam manter seus templos abertos e arrecadando.
Sem perceber, nos transformamos numa Teocracia e atrocidades continuam acontecendo em nome de Deus.
Vareque Oliveira
Diário da PB