“Depois dos 60 anos, praticamente 100% dos idosos têm esse problema, em maior ou menor grau. Nem todos apresentarão sintomas: alguns têm dor, outros desenvolvem complicações maiores”, explica Juliano Barra, cirurgião do aparelho digestivo no Hospital Sírio-Libanês em Brasília (DF).
“Quando há inflamação, chamamos de diverticulite, que é um quadro agudo a ser tratado com remédios via oral ou endovenosa. Caso chegue a ter perfuração ou sangramento do intestino, o paciente precisará de cirurgia com urgência.”
O médico explica que essas inflamações deixam uma cicatriz no intestino, fazendo com que a parede dele fique mais dura e grossa. “Se isso se repete, uma vez atrás da outra, o ‘cano’ que tinha 5 centímetros de calibre passa a ter 1 ou 2 centímetros.”
Quais os sintomas?
Quando o paciente tem estenose, o intestino fica mais estreito, e as fezes enfrentam dificuldade para passar pelo “tubo”.
“Geralmente, a pessoa passa a ter dores e problemas para evacuar”, diz Barra.
Segundo o Vaticano, a operação do Papa Francisco já estava agendada. Ou seja: provavelmente, não é um quadro agudo.
“Ele já devia estar sofrendo com dores há tempos. Por isso, a equipe médica optou pela cirurgia”, afirma o especialista do Sírio-Libanês.
Como funciona a operação?
Usando mais uma analogia: se uma mangueira estiver entupida, será preciso cortar o pedaço do tubo que está mais estreito, tirá-lo e juntar as duas extremidades que ficaram soltas.
A cirurgia para tratar a estenose diverticular do cólon funciona desse mesmo jeito.
“É um procedimento resolutivo. Tirando a parte que está doente, o problema é sanado”, afirma Barra.
Qual o grau de complexidade da operação?
De acordo com Barra, o procedimento pode ser considerado “de média complexidade”. É difícil estimar a duração dele, mas deve levar de 2 a 3 horas.
“Como o Papa é um paciente idoso, há um certo grau de risco. Mas é uma cirurgia que faz parte do dia a dia de qualquer hospital. Não é nada de outro mundo”, afirma o médico.
Como deve ser a recuperação?
“Em geral, não é necessário colocar a bolsinha [de colostomia, que desvia o trânsito intestinal para fora do corpo do paciente]. Ela só é usada quando a emenda feita na cirurgia não cicatriza corretamente”, afirma Juliano Barra.
Segundo o médico, o Papa Francisco deve ficar no hospital de 5 a 7 dias.
De que modo a cirurgia poderá afetar a rotina do Papa Francisco?
Três horas antes do comunicado do Vaticano, neste domingo, o pontífice chegou a participar da tradicional cerimônia religiosa na Praça de São Pedro. Em seu discurso, ele informou que viajará em setembro para a Hungria e a Eslováquia.
Mas será que, passando por uma cirurgia, a agenda será mesmo mantida?
Segundo Barra, tudo indica que sim. “Ele fará uma viagem ainda mais tranquila, com maior qualidade de vida e sem dor.”
G1