Para Correios, pauta de grevistas gera despesa ‘impossível’ de R$ 1 bi

Empresa diz que pedido corresponde a dez vezes o lucro. Já a Fentect fala em manobra contábil e afirma que paralisação é contra retirada de direitos.

Os Correios estimam em R$ 1 bilhão por ano a despesa com os benefícios pedidos pelo sindicato dos trabalhadores da empresa que entraram em greve nesta terça-feira (18), e consideram a concessão inviável. A paralisação começou à 0h e várias agências ficaram com as portas fechadas.

A empresa informou em nota que o montante de R$ 1 bilhão calculado pela companhia é equivalente a dez vezes o lucro dos Correios em 2019, que ficou em torno de R$ 102 milhões.

Segundo a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios, Telégrafos e Similares), a paralisação por tempo indeterminado tinha a adesão prevista dos quase 100 mil funcionários espalhados por todos os estados do país. O sindicato afirma que trata de um movimento contra a retirada de direitos, a privatização da empresa e a ausência de medidas para proteger os empregados da pandemia do novo coronavírus.

Em nota, a federação afirma ter sido surpreendida com a revogação, a partir de 1º de agosto, do atual acordo coletivo, cuja vigência vai até 2021. Segundo a entidade, 70 cláusulas com direitos foram retiradas, como 30% do adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais, além de pagamentos como adicional noturno e horas extras.

O secretário de imprensa, Emerson Marinho, afirma que o cálculo de R$ 1 bilhão é uma “manobra contábil” dos Correios e que um acordo fechado com o Tribunal Superior do Trabalho previu investimento de R$ 600 milhões em direitos dos trabalhadores, o que corresponderia a menos de 5% do faturamento da empresa.

Os Correios afirmam em nota que não pretendem suprimir direitos dos empregados. A empresa propõe “ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações”, afirma.

“A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida”.

A empresa diz estar respaldada por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, bem como por diretrizes do Ministério da Economia, e que tem a obrigação de zelar pelo reequilíbrio do caixa. “Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos.”

 

Diário da Paraíba com R7