Presidente troca o diretor-geral da Polícia Federal; substituição é a quarta durante a gestão Bolsonaro

O governo federal trocou nesta sexta-feira (25) o diretor-geral da Polícia Federal. O delegado Márcio Nunes de Oliveira assumirá o cargo no lugar de Paulo Maiurino, que estava na função desde abril do ano passado.

É a quarta vez que um diretor-geral da PF é substituído no governo Jair Bolsonaro. A mudança no comando da PF foi publicada no “Diário Oficial da União” e é assinada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

OS DIRETORES-GERAIS DA PF NO GOVERNO BOLSONARO

Diretor-geral Período
Maurício Valeixo 1º de janeiro de 2019 a 24 de abril de 2020
Alexandre Ramagem Nomeado em 28 de abril de 2020, mas não assumiu (posse suspensa pelo STF)
Rolando Alexandre de Souza 4 de maio de 2020 a 7 de abril de 2021
Paulo Maiurino 7 de abril de 2021 a 25 de fevereiro de 2022
Marcio Nunes de Oliveira A partir de 25 de fevereiro de 2022

A Polícia Federal é vinculada ao Ministério da Justiça . Segundo o ministro da pasta, Anderson Torres, Paulo Maiurino passará a comandar a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas.

“Hoje convidei o DG da @policiafederal, dr Paulo Maiurino, para assumir a relevante função de secretário da Senad no @justicagovbr. Em seu lugar, na PF, assume o dr Márcio Nunes que, como secretário-executivo do @JusticaGovBR, nos deixa um grande legado”, publicou Torres em uma rede social.

O atual chefe da Senad é Luiz Roberto Beggiora. A secretaria, que cuida de temas como a uso de bens apreendidos com criminosos em ações de combate à drogas, tem em sua estrutura a Diretoria de Gestão de Ativos (DGA) e a Diretoria de Políticas Públicas e Articulação Institucional (DPPA).

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (FENADEPOL) divulgaram nota desejando êxito ao novo diretor-geral, mas ressalvaram que “sucessivas trocas no comando da instituição geram consequências administrativas e de gestão, que podem prejudicar a celeridade e a continuidade do trabalho de excelência apresentado pela PF”.

No início deste mês, a Polícia Federal informou ao Supremo Tribunal Federal ter concluído que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime ao divulgar informações sigilosas de uma investigação. A PF, no entanto, não indiciou o presidente, sob a justificativa de que ele tem foro privilegiado.

Em agosto de 2021, Bolsonaro mencionou informações de um relatório parcial da PF sobre um ataque hacker ao TSE em 2018 (que não comprometeu as urnas eletrônicas). O presidente usou os dados para tentar embasar suspeitas infundadas sobre a segurança das urnas.

O crime cometido na live, segundo a PF, foi o de divulgação de segredo.

Além disso, em dezembro do ano passado, a Polícia Federal afirmou ao STF que Bolsonaro teve atuação “direta e relevante” para gerar desinformação sobre o sistema eleitoral.

O novo diretor-geral da PF atuava até então como secretário-executivo do Ministério da Justiça, isto é, ocupava o segundo principal posto na hierarquia da pasta.

Policial federal, Márcio Nunes de Oliveira foi professor na Academia Nacional de Polícia e superintendente regional da PF no Distrito Federal de 2018 a 2021.

Entre outros cargos, Márcio Nunes de Oliveira também foi chefe do Serviço de Análise de Dados de Inteligência Policial da Divisão de Repressão a Crimes contra o Patrimônio e ao Tráfico de Armas e chefe da Divisão de Operações de Repressão a Entorpecentes da PF.

Trocas no comando da PF

Quando anunciou a saída do governo, em abril de 2020, o então ministro da Justiça, Sergio Moro, disse que o presidente Jair Bolsonaro o havia pressionado a trocar o comando da Polícia Federal.

Na ocasião, quem ocupava o posto era Maurício Valeixo, ex-superintendente da PF no Paraná. Bolsonaro exonerou Valeixo em 24 de abril de 2020 e, no mesmo dia, Moro pediu demissão do Ministério da Justiça.

O presidente, então, nomeou para o cargo de diretor-geral da PF Alexandre Ramagem, diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Ramagem é amigo da família Bolsonaro e teve a nomeação suspensa por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que atendeu a um pedido do PDT. Moraes entendeu ter havido desvio de finalidade na nomeação.

O governo, então, em maio de 2020, nomeou Rolando Alexandre de Souza para a função de diretor-geral da PF. Rolando de Souza era subordinado a Ramagem na Abin quando foi nomeado e permaneceu no cargo até abril de 2021, quando Paulo Maiurino assumiu a função, indicado pelo ministro Anderson Torres.

G1