Muito além de selfies perfeitas! Quem diria que Rafa Kalimann seria dona de alguns dos bordões mais falados no Brasil. Com uma serenidade ímpar durante todo o confinamento, a vice-campeã do BBB20 levou o prêmio de R$150 mil para casa e viu o número de seguidores quadruplicar em suas redes sociais.
Na briga com Flay, o discurso ‘Não gosto de você. Não sinto verdade em você. Acho você, sim, incoerente. Você está onde te convém…Acho você uma falsa’ inspirou a criação de uma música e ainda virou desafio de dublagem na internet. “Sofri achando que tinha sido grosseira, mas fui sincera e não me arrependo. Todos os problemas que tive, resolvi dentro da casa”, justifica Rafa.
Aos 27 anos de idade, a digital influencer fala sobre seus aprendizados como mulher, feminismo e lembra passado marcado por relações abusivas: “Já fui vítima e sei o quanto é difícil enxergar e falar dessa dor. Hoje sou muito mais segura e confiante”, afirma ela, que pretende se formar em Psicologia e lançar livro motivacional. Confira a entrevista!
Antes de se tornar influenciadora, Rafa não só acompanhava o reality como já havia se inscrito para participar. Aliás, ela não foi a única em sua família a tentar entrar na casa mais vigiada do país. “Minha mãe sempre foi fã e se inscrevia para participar. Quando passei a ter idade, ela começou a me inscrever também. Quando recebi o convite, foi mais do que realizar um sonho. Sabia da importância de mostrar quem eu era para milhões de pessoas que não me conheciam da internet”, resume ela, que não teve medo de ter a carreira prejudicada.
“Quem me seguia já sabia quem eu era, conhecia parte dos meus defeitos e qualidades. Encarei os meus medos, abracei os desafios e aceitei tudo com o objetivo de melhorar como ser humano. Hoje sou muito mais segura e confiante. É maravilhoso ter coragem de ser livre e ser aceita por você ser quem é”.
‘Aleluia, arrepiei!’. A frase dita por Rafa no BBB virou bordão. Ela lembra que, desde criança, sempre foi sensitiva. Uma lição que aprendeu desde cedo, observando os sinais. “Quando me desconectei do mundo, me conectei comigo da forma mais natural. Passei a ouvir mais meu coração, minha intuição e Deus. O meu refúgio sempre foi a oração, mas cada pessoa tem sua crença. Consegui conversar com os meus sentimentos e fui ficando mais sensível. A energia veio de forma intuitiva e com sonhos”, resume.
Apontada como grande jogadora pelos outros participantes, ela afirma que o equilíbrio emocional é um conjunto de terapia e experiências que já teve na vida. “Sempre batalhei muito por cada conquista e saí de casa muito cedo, aos 14 anos, para trabalhar como modelo em São Paulo. Apesar do suporte da agência, fui morar em uma república com outras meninas. Somente eu podia ser responsável pelas minhas atitudes e escolhas”, lembra ela, que chegou a ter só o dinheiro da passagem para participar dos castings e para comprar um pacote de macarrão instantâneo, dividido entre o almoço e o jantar para não passar fome.
“Tudo que eu já vivi me fez aprender e a valorizar cada conquista. Sou muito grata por cada desafio, erro e acerto. O meu maior aprendizado foi através das minhas experiências. Fiz terapia por muitos anos e isso me ajudou muito. Mas também sou formada em coaching há dois anos e faço cursos de inteligência emocional e programas de neurolinguística há mais de 4 anos. São assuntos que me interessam”.
Planos profissionais
Terminar a faculdade de Psicologia está entre as prioridades de Rafa. “Cursei um ano e tranquei. Quero voltar a estudar e me formar. Minha ideia no futuro é poder trabalhar nessa área. Inclusive já gostava de acompanhar o BBB para entender o comportamento das pessoas e estou muito realizada de participar dessa experiência”, afirma ela.
Conviver com artistas como Manu e Babu despertou o interesse de Rafa também pela sétima arte. “Acredito que estudar Teatro irá me acrescentar profissionalmente em todos os sentidos. Admiro o trabalho dos atores. Mas com o isolamento social da pandemia do coronavírus, quero aproveitar esse momento para refletir e decidir para qual caminho vou seguir”, diz ela, que pretende começar a escrever um livro motivacional.
Missionária na África, Rafa lembra que, se tivesse ganho o programa, iria investir o dinheiro em Moçambique. “Vou continuar trabalhando para realizar o meu sonho que é construir uma comunidade em Moçambique para 400 pessoas morarem, com água potável, educação e saneamento básico”, diz a mineira, que é madrinha da comunidade JK, em Goiânia, e do Hospital do Câncer de Goiás. “Se cada um fizer um pouco para ajudar o próximo, o mundo melhora para todos”
Comprometida com as causas sociais, ela viu o número de seguidores mais que quadruplicar, para 13,5 milhões de seguidores na web. Por isso, diz que quer servir de inspiração. “Nunca imaginei receber tanto carinho. Para mim, é gratificante demais. Tenho a sensação de dever cumprido porque as pessoas escolheram me seguir e continuar acompanhando os meus ideais e pensamentos. Essa troca é muito mais importante do que números ou valores”.
“Minha família tem uma origem humilde e de muito trabalho. Trabalhei dias e noites para conquistar tudo o que tenho. Meu dinheiro sempre foi muito suado e não é na proporção que as pessoas falam ou julgam. Chegar na final do BBB com uma médica batalhadora e com uma artista completa, que atua e canta, é motivo de orgulho como mulher”, comemora Rafa, que leva a amizade com as participantes para a sua vida.
Feminismo e união
Aliás, estar ao lado de mulheres fortes foi motivo extra para continuar no jogo do BBB. “Apesar de eu ter crescido no interior e em uma cidade pequena, onde ainda infelizmente se vê muito o machismo, na minha casa o ambiente sempre foi muito respeitoso e de igualdade. Meus pais sempre tiveram papéis iguais dentro do lar e no dia a dia. Aprendi que homens e mulheres sempre serão iguais”, aponta.
“Quando vi e soube de atitudes que poderiam promover a diminuição de uma mulher, me incomodei. A maturidade me trouxe o entendimento do que é o feminismo e que cada atitude tem seu peso e responsabilidade para acabar com o machismo. Aprendi a ter voz para falar o que está errado”.
Apesar da relação de altos e baixos com Mari dentro do jogo, Rafa faz questão de promover a empatia e defender a digital influencer. “Nós mulheres precisamos lutar e nos unir contra certas atitudes para mudar de vez essa história. Dentro do BBB, os sentimentos são muito intensos. Quero ter a oportunidade de conversar mais com a Mari e de expressar tudo o que eu senti. É uma mulher que eu já conhecia, que já admirava e por quem tenho muito carinho. Acredito que nossa relação ficou com uma ferida que agora pode ser mais bem curada”.
Atitude feminista
Solitária no começo do jogo, Rafa lembra que sempre buscou se posicionar e ser uma boa ouvinte. Mas o jeito calmo não significa tolerar atitudes machistas. “No BBB, a experiência de outras mulheres me ajudou a identificar com mais clareza o que pode ser tolerado ou não”, lembra ela.
“Já fui vítima de uma relação abusiva no passado e sei o quanto é difícil enxergar e falar dessa dor. Nunca houve agressão física, mas verbal sim. Pequenos nuances machistas estão tão enraizados na nossa cultura que infelizmente às vezes deixamos passar”, diz Rafa, que já escutou de ex-namorados frases do tipo ‘deixa que eu pago isso’, ‘você não pode fazer isso’, ‘a sua roupa está curta demais’ e ‘acho que está bebendo demais’.
“Não é uma roupa que te define, assim como não é aceitável uma traição, que vem da insegurança e da autoafirmação do homem”.
Amizade com ex
Solteira desde que se separou do cantor sertanejo Rodolffo Matthaus, a blogueira garante que não há chances de reatar o casamento. “Temos carinho um pelo outro e uma amizade muito grande. Ele sempre torceu por mim e sabe dos meus sonhos. Fiquei feliz de construirmos esse respeito um pelo o outro, mas não tem chances de a gente voltar. É uma página virada”, garante ela.
Fã de Luan Santana, Rafa resume o sentimento ao saber da legião de famosos que torceu por sua vitória na casa. “Nunca achei que teria essa dimensão toda, de mutirões com fã-clubes para votações. Foi uma feliz surpresa ver o apoio dele também, de quem sou muito fã”.
Aberta a novos relacionamentos, Rafa diz que o homem ideal tem que saber respeitar o espaço da mulher no relacionamento. “Eu estou solteira. Hoje, eu não tenho ninguém especial na minha vida, que eu acredite que irá escrever uma história de vida comigo”.
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