Em alguns trechos do rio, ainda era possível navegar com pequenos barcos, mas em certo ponto, a única opção da equipe de reportagem foi seguir por terra, que estava coberta de lama.
Após quase duas horas de trajeto, a equipe finalmente chegou à comunidade indígena Porto Praia, onde foram recebidos pelo cacique Anilton Kokama, que se emocionou ao falar sobre a situação.
“A gente nunca tinha ficado dessa forma. É seca, só os poços. Agora, ficamos isolados […]. A gente não espera muito do governo para ajudar, então a gente tenta viver, conforme a gente pode. Cada um, ajudando um ao outro”, diz o líder comunitário.
No meio do deserto, próximo à comunidade indígena Porto Praia, o Profissão Repórter encontrou pescadores enfrentando o forte calor enquanto carregavam cestos com peixes tanto para o consumo próprio quanto para a venda.
Halisson Anjos de Oliveira é um dos pescadores que fazem o trajeto para buscar alimento. Ele pesca desde os 8 anos e conta como é atravessar um deserto para pescar.
“Eu penso mais é no meu filho e nas outras crianças hoje. A gente tinha o costume de só atravessar aqui de canoa e agora, não. Ano passado secou, esse novamente e mais cedo. Os peixes aqui ficaram empoçados, morreram. Vou fazer 40 anos e nunca tinha visto algo assim. Eu vou ter que ir mais longe para ver se consigo alimento”, diz.
É necessário andar mais de 3 km até a margem da trilha para chegar ao local onde pode ter peixe. Halisson destaca que a seca também exige que a pesca seja feita com mais cautela.
“Hoje a gente também tem que trabalhar regrando, pescar regrando. Só o básico suficiente mesmo para a gente se alimentar, para também não terminar. Porque se você ver a profundidade que está, se você for pescar tudo de uma vez… Então a gente vai aos poucos”, explica Halisson.
G1