MOSCOU — A Rússia tomará medidas legais se o Ocidente tentar forçá-la a ficar inadimplente com sua dívida soberana, disse o ministro das Finanças Anton Siluanov ao jornal pró-Kremlin Izvestia nesta segunda-feira, elevando o tom de Moscou em sua batalha financeira contra o Ocidente.
“É claro que vamos processar, porque tomamos todas as medidas necessárias para garantir que os investidores recebam seus pagamentos”, afirmou Siluanov em entrevista ao jornal.
E acrescentou, sem detalhar as opções legais da Rússia:
“Apresentaremos no tribunal nossas contas confirmando nossos esforços para pagar tanto em moeda estrangeira, quanto em rublos. Não será um processo fácil. Teremos que provar nosso caso muito ativamente, apesar de todas as dificuldades.”
Depois de o Tesouro americano suspender os pagamentos da dívida em dólares das contas da Rússia em bancos americanos, o país violou os termos de dois títulos ao pagar aos investidores rublos ao invés de dólares.
“Se uma guerra econômica e financeira for travada contra nosso país, somos forçados a reagir, enquanto ainda cumprimos todas as nossas obrigações. Se não temos permissão para fazê-lo em moeda estrangeira, fazemos isso em rublos”, disse Siluanov.
Calote externo
O seguro da dívida estima que há quase 90% de chance de o primeiro calote externo da Rússia acontecer este ano. O país não tem inadimplência em sua dívida externa desde o rescaldo de sua revolução de 1917, mas seus títulos agora emergiram como um ponto de inflamação em sua disputa econômica com os países ocidentais.
Na semana passada, Siluanov disse que a Rússia fará todo o possível para garantir que seus credores sejam pagos:
“A Rússia tentou de boa fé pagar credores externos. No entanto, a política deliberada dos países ocidentais é criar artificialmente um padrão feito pelo homem por todos os meios.”
Siluanov disse que o passivo externo da Rússia equivale a cerca de 20% da dívida pública total, que ficou em cerca de 21 trilhões de rublos (US$ 261,7 bilhões). Desse tempo, cerca de 4,5 a 4,7 trilhões de rublos foram passivos externos.
O Globo