Numa das maiores adesões dos últimos tempos que paralisou o Centro da capital paraibana nesta segunda-feira (21), o Sindicato dos Motoristas da Paraíba alega salários atrasados, mas não cobra a falta de pagamento por parte dos patrões-proprietários das empresas de transporte público. O presidente do sindicato, Antônio de Pádua Dantas Diniz, aponta como culpada a própria população de João Pessoa, que já paga uma das tarifas mais caras da região.
“Estamos com salários atrasados, mas o problema é muito maior”, divaga Antônio de Pádua, fazendo praticamente um discurso de patrão e não de sindicalista: “O sistema de transporte coletivo quebrou”. Ele argumenta que eram transportados 9 milhões de passageiros por mês em 1990 e, atualmente, esse número não chega a 5 milhões.
“Tínhamos 50 empresas e hoje temos 10, das quais 90% estão quebradas. Estamos perdendo nossos empregos para os clandestinos e até moto-taxistas já começaram a circular em alguns bairros de João Pessoa. É preciso que o governador e o prefeito tomem providências”, acusa o presidente do sindicato.
Ele está cobrando uma audiência com o prefeito da capital, Luciano Cartaxo (PV), e com o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), para tentar pressioná-los a impor uma fiscalização rigorosa contra a atuação de motoristas clandestinos na cidade de João Pessoa.
De braços cruzados desde às 9h desta segunda-feira, motoristas (e os poucos cobradores que sobraram nos empregos) afirmam que só voltarão ao trabalho após receberem os salários, que deveriam ter sido creditados na última sexta-feira (18).
“Alguém lembra quando houve renovação de frota? Tinha até aquele momento de exibição dos ônibus na Lagoa, né?!”, lembrou nas redes sociais um jornalista paraibano. “Tem ônibus que a gente anda que os parafusos e a lataria fazem tanto barulho que mais parecem bateria de escola de samba”.
O jornalista lembra que a passagem urbana em João Pessoa é mais cara do que a passagem urbana cobrada em Recife (PE), que é uma metrópole. Fazendo as contas, ele aponta: “R$ 3,95 aqui em João Pessoa, pra ir em pé, é melhor pedir um Uber e pagar R$ 5,75 no ar-condicionado e com veículo razoável”. E continua: “Mas o sindicato culpa os clandestinos (que são poucos), os usuários (aqueles que têm gratuidade) e os aplicativos (que oferecem serviço infinitamente melhor)”.
E ele finaliza: “Não se questiona motorista que dirige e é cobrador, e isso atrasa o percurso e precariza um cara estressado, dirigindo no trânsito de João Pessoa”.
Diário da Paraíba
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