Sepultamento do cantor e compositor Parrá acontece na manhã desta quinta-feira, na capital

Num ano marcado pelos mais variados eventos alusivos ao centenário de nascimento do “Rei do Ritmo”, a Paraíba perde um dos maiores intérpretes de Jackson do Pandeiro. O também paraibano Severino Ramos de Oliveira, o Parrá, morreu na manhã dessa quarta-feira (11), em João Pessoa, aos 81 anos, vítima de uma forte infecção intestinal. Ele estava hospitalizado há dez dias e não resistiu a uma parada cardiorrespiratória.

Cantor, compositor e musicista, Parrá, apontado como uma das lendas do cenário musical paraibano, marcou época como parceiro do também já falecido compositor e poeta paraibano Livardo Alves. O sepultamento do corpo de Parrá está previsto para esta quinta-feira (12), às 10h, no Cemitério Senhor da Boa Sentença, no Varadouro, na capital paraibana.

Natural de João Pessoa, Parrá nasceu e foi criado no Bairro do Róger. Aos 14 anos, começou a ficar conhecido na cidade pela sua arte, produzindo canções inspiradas nas paisagens históricas da capital da Paraíba. Na adolescência, se apresentava nos estúdios das Rádios Tabajara e Sanhauá.

O poeta e ativista cultural Lau Siqueira, num texto publicado em 26 de julho de 2009, já homenageava o artista, agora falecido, no texto intitulado ‘Parrá – a elegância do ritmo’, fazendo também quase um louvor à boemia da parte mais antiga da cidade: “(…) A eterna Cidade das Acácias. Um lugar onde os sagüis pululam pelos resquícios da Mata Atlântica e onde as prostitutas retomam o simbolismo histórico da luta pelo reconhecimento da profissão. (…) Foi numa cidade assim, ali no Róger – mais exatamente na Rua Anísio Salatiel, número 60 – que nasceu Severino Ramos de Oliveira. Isso foi no ano de 1938”.

No texto, Lau lembra que, ainda na primeira infância, um irmão do artista foi quem conferiu o apelido de Parrá a Severino, “sem saber que estava realizando um batizado artístico. Nascia um personagem da cultura de uma cidade absorvida, naquele momento, pela era do rádio. Um tempo em que as ondas médias e as ondas curtas determinavam o todo poderoso veículo da comunicação popular”.

Para Lau Siqueira, “Parrá representa o glamour e o estigma de uma geração que construiu os maiores referenciais da chamada Música Popular Brasileira. Na verdade, uma geração que abriu as comportas para o nascedouro da MPB enquanto conceito, dentro da universalidade natural da música de qualquer região do planeta. Um tempo de grandes ritmistas como Jackson do Pandeiro que esteve para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, na mesma proporção que Parrá esteve para a época de ouro da Rádio Tabajara, aqui na Paraíba”.

E o poeta Lau ainda destaca: “Com absoluta convicção do seu destino, Parrá soube traçar (na base da ‘marmota’, tantas vezes) os seus próprios caminhos. Sempre com a simplicidade de um homem que fez da música a sua forma de transcendência no tempo. Preservando-se enquanto menino, em cada leitura do mundo que o cerca. Tudo isso compõe o inventário de uma vida que não guardou espaços para a tristeza, mesmo que estas tenham sido tantas e muitas vezes, tão profundas”.

Diário da Paraíba com jornal A União

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