Servidor público perde pais, irmã e avô com Covid-19 em duas semanas: ‘Só Deus para me manter de pé’

Natanailton e a esposa também testaram positivo e tratam o coronavírus em casa, em Goiás. De dentro de carro, ele viu o sepultamento dos parentes: ‘Como você enterra seu pai e sua mãe sem se despedir?’.

O servidor público Natanailton Ferreira Xavier perdeu o pai, a mãe, a irmã e o avô para o coronavírus em um prazo de duas semanas, em Planaltina, no Entorno do Distrito Federal. Além da grande perda na família, ele e a esposa também tiveram teste positivo para Covid-19. Em isolamento, Natanailton tenta encontrar forças para superar a perda.

“Não tem o que dizer, é um momento muito difícil. Estou me reinventando, porque é só Deus para me manter de pé”, disse.

Natanailton disse que o pai, Sidinei Lourenço Xavier, de 68 anos, teve dengue no início de maio. Eles foram a unidades de saúde em busca de atendimento e, depois disso, o quadro de saúde do idoso se agravou.

“Nossa suspeita é que ele tenha se contaminado quando estávamos saindo e buscando atendimento para a dengue nas unidades de saúde. Só que antes do meu pai ser internado, de a gente saber do diagnóstico, algumas pessoas da nossa família foram ver como ele estava”, disse.

A primeira morte na família foi da irmã de Natanailton, Selma Lourenço de Brito, de 43 anos. Ela faleceu no dia 18 de maio. Selma tinha doença de chagas e obesidade.

No dia 26, o avô, Vitor Ferreira Brito, de 98 anos, também faleceu vítima da Covid-19. Ele tratava uma pneumonia e tinha problemas renais.

O pai do servidor público foi a terceira pessoa da família a morrer com a doença. Sidinei faleceu no dia 28 de maio e tinha diabetes e problemas cardíacos.

Três dias depois, em 31 de maio, a mãe de Natanailton, Olga Ferreira Xavier, também faleceu. Ela tinha hipertensão.

“Nunca pensei que essa doença fosse chegar desse jeito na minha família”, disse.

O servidor público contou que, desde que os sintomas começaram a aparecer na família, todos estão em isolamento. Porém, com as mortes dos parentes, e mesmo após ter sido diagnosticado com coronavírus, foi ao cemitério tomando medidas de precaução.

“Como que você enterra seu pai, sua mãe, sem se despedir? Eu fui de carro, estava usando luva, máscara, fiquei o tempo todo dentro do carro e vi eles sendo enterrados”, relata.

 Diagnóstico

 Natanailton conta que teve dificuldades em conseguir fazer o teste no município goiano. “No dia 22 de maio eu passei mal em casa. Eu já estava em isolamento, mas não tinham vindo fazer teste em mim ainda. Eu tive que procurar uma unidade de saúde em Planaltina, no Distrito Federal, e lá eu consegui fazer o teste, que deu positivo”, contou.

A esposa também foi diagnosticada com a Covid-19. Os dois seguem em isolamento, em casa, se recuperando. Eles têm três filhos que também estão em isolamento e seguem sendo monitorados, mas não foram testados.

Secretaria de Saúde

 O secretário de Saúde de Planaltina, Germano Andrade Ladeira, disse que a cidade está adotando todas as medidas necessárias para combater a doença na cidade, aumentando, inclusive, o número de equipes que fazem os testes em casa para evitar que o morador que apresente suspeita precise se deslocar até uma unidade de saúde.

Sobre a contaminação na família do servidor público, o secretário disse que não é possível afirmar com precisão onde ocorreu o contágio, mas pondera que também há a suspeita de que ela tenha acontecido em um velório em que os familiares participaram.

“Uma tia da família faleceu. A causa da morte não foi diagnosticada como Covid-19. Ela tinha outras doenças. Na ocasião do velório, a família esteve reunida. Pode ser que uma pessoa externa que foi ao velório levou o vírus”, disse.

 

Diário da Paraíba com G1