A deputada federal Sonia Guajajara (PSOL-SP) será a ministra dos Povos Originários. Ela já era nome de consenso na equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, conforme antecipou o GLOBO no mês passado. Em razão do apoio de algumas entidades à Joenia Wapichana (Rede-RR), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) apresentou a Lula uma lista tríplice indicada pelo movimento. Além de Joenia e Sonia , Weibe Tapeba era uma das opções. A equipe de Lula chegou também a procurar Eliésio Marubo, procurador jurídico da União dos Povos Indígenas, como uma “terceira via”, mas as negociações não avançaram. Sonia vai ser anunciada às 11h desta quinta-feira.
Sonia esteve nesta quarta-feira reunida com Lula. Na conversa, ficou acertado que a nova pasta vai abrigar a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), essa última será ocupada por Weibe Tapeba.
Primeira deputada federal indígena eleita por São Paulo, Sonia ganhou força na escolha por ter visibilidade e grande reconhecimento da comunidade internacional, além de ser mulher, um dos motivos que ensejaram o apoio de Rosângela Silva, a Janja, que é admiradora de seu trabalho e ficou muito sensibilizada quando a liderança foi perseguida pela gestão da Funai no governo Bolsonaro.
Em maio, Sonia Guajajara foi incluída na lista das 100 pessoas mais influentes da revista Time, publicada nos EUA, ao lado do cientista Túlio de Oliveira, um dos responsáveis pela identificação da variante ômicron do vírus da Covid-19.
Pela primeira vez, duas mulheres indígenas foram eleitas como deputadas federais no Brasil. Sonia conquistou o marco em São Paulo com mais de 156 mil votos, enquanto Célia Xakriabá recebeu 101 mil e ganhou em Minas Gerais.
Antes delas, apenas dois indígenas haviam sido eleitos a este cargo na história do país: Mário Juruna (PDT-RJ), em 1982, e Joênia Wapichana (Rede-RR), em 2018. Agora, 186 concorrentes ao Congresso declararam ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que são indígenas, um aumento de 40% em comparação ao último pleito.
Uma das preocupações do movimento indígena era “perder” a vaga de Sonia no Congresso, caso ela seja confirmada ministra. A ideia, segundo líderes do movimento indígena, é que Sonia “deixe a pasta azeitada” no primeiro ano de governo Lula e depois volte para ocupar sua cadeira na Câmara dos Deputados.
Outros nomes como de Célia Xakriabá (PSOL-MG), Ailton Krenak e Beto Marubo foram sondados pela equipe de transição, mas sem convite formal. O nome do coordenador jurídico da Apib, Eloy Terena, também chegou a ser sondado. O GLOBO apurou que a disputa ficou, num primeiro momento, entre Joênia e Sonia, mas que a coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) levou vantagem. No entanto, os indígenas acharam melhor apresentar a lista tríplice.
O Globo