Suspeito de matar universitária foi quem avisou sobre pneu estar murcho, diz amiga

O suspeito de matar a universitária Mariana Bazza, de 19 anos, foi quem avisou a jovem que o pneu do carro estava murcho quando ela saiu da academia, segundo a amiga Heloísa Passarello. Mariana sumiu após aceitar a ajuda do homem para trocar o pneu, em Bariri (SP). Ela foi achada morta na zona rural de Ibitinga (SP) um dia depois.

Ao G1, Heloísa contou que conhecia Mariana havia 8 anos e iam juntas para a academia. No dia do crime, as duas saíram da aula, se depararam com o pneu murcho do carro e foram abordadas pelo suspeito, Rodrigo Pereira Alves.

“A hora que ela imbicou com o carro para sair ele já gritou do outro lado da avenida que o pneu estava murcho. Ele atravessou a avenida com o celular, mas acredito que não estava falando com ninguém. Eu estava em uma moto, que parei na frente do carro da Mariana”, diz Heloísa.

Em seguida, a jovem, de 19 anos, afirma que Rodrigo foi até as duas e insistiu para ajudar, mas Mariana alegou que ia ligar para o pai e um parente.

“Nessa hora eu entrei no diálogo e mando ela ir embora porque dava pra chegar em casa. Ele já perguntou imediatamente onde ela morava. Após ela responder, ele disse que era longe e estragaria o pneu se ela fosse até lá. Eu ainda fiz uma pergunta pra ele, mas ele não me respondeu e não olhou na minha cara”, conta.

“Depois de uma quatro vezes ele insistindo e ela dizendo que não precisava, ele atravessou a avenida e voltou para a chácara. Nesse tempo, ela ligou para o pai e para o primo, mas ninguém atendeu e eu falei novamente pra ela ir embora. Mas ela continuou com o discurso de que ia falar com o pai. Foi então que falei que tinha que ir porque chegaria atrasada no serviço e dei tchau”, conta.

Após a amiga ir embora, Heloísa afirma que o homem voltou a falar com Mariana, que aceitou a ajuda e foi até a chácara, onde ele havia sido contratado para fazer pintura.

A amiga de Mariana ainda conta que a universitária mandou a foto do suspeito trocando o pneu por volta das 8h. Contudo, depois não respondeu mais.

“Eu tenho a hipótese de que ele estava de olho nela ou até mesmo nós duas, porque íamos embora juntas toda terça e furou o pneu. Um vizinho alega ter visto ele rodeando o carro dela e a minha moto. Nunca tinha visto ele antes”, relata.

Nas redes sociais, Heloísa fez um desabafo alegando que se sente culpada por não ter impedido a amiga de aceitar a ajuda. “Desculpas à você. Desculpa por não ter ido embora com você”, diz na postagem.

Um novo vídeo de câmera de segurança mostra o suspeito encostado no carro dela, que está estacionado próximo à academia que ela frequentava. As imagens foram gravadas às 7h51, quando a jovem ainda estava na academia.

No vídeo, Rodrigo sai da chácara onde fazia bico como pintor, atravessa a avenida e encosta no carro de Mariana, um Gol preto. Ele fica ali por alguns minutos. 

Em entrevista exclusiva para TV TEM, um vizinho da academia conta que viu o suspeito abaixado e mexendo no carro de Mariana.

“Eu vi que ele estava agachado no pneu do carro. Talvez murchando, sei lá, fazendo alguma coisa. Quando ele me viu até se assustou e levantou. Ele foi até o canteiro e ficou mexendo nas árvores que estão ali, meio que disfarçando a situação. Eu estava saindo para trabalhar, então fui embora”, conta o homem, que preferiu não se identificar.

A polícia investiga se Rodrigo premeditou o crime e se teria murchado o pneu do carro da jovem para forçar uma aproximação.

“Nós estamos em diligências para conseguir novas imagens e também testemunhas que possa colaborar e tirarmos essa dúvida se ele premeditou ou foi uma mera ocasionalidade”, afirma o delegado Durval Izar Neto, responsável pelas investigações.

“Ele fala de uma terceira pessoa que estaria com o veículo, porém imagens mostram que ele saiu com o veículo. E não há informações dessa terceira pessoa, não há imagens, não há testemunhas. Não vamos descartar, mas é pouco provável que exista outra pessoa envolvida.”

O delegado informou que tem dez dias para concluir o inquérito e encaminhar à Justiça. Ele aguarda laudos periciais do corpo da vítima e da causa da morte, além de informações sobre os locais por onde o suspeito passou.

“Os exames vão apontar a hora da morte para podermos saber onde ela foi morta, porque existem duas possibilidades: ou ele matou a Mariana na chácara ou no local onde o corpo foi encontrado”, afirma Izar Neto.

Mariana foi achada morta em área de canavial em Cambaratiba, distrito de Ibitinga, cidade próxima a Bariri. Ela estava de bruços, com as mãos amarradas para trás e um tecido no pescoço.

A jovem foi enterrada no início da tarde desta quinta-feira (26), sob forte comoção, no Cemitério Municipal de Bariri.

G1