A chinesa ByteDance, dona do aplicativo TikTok, solicitou uma licença de exportação de tecnologia em Pequim.
O pedido acontece em meio a negociações com a Oracle e o Walmart para a criação de uma nova empresa americana chamada TikTok Global, que cuidará das operações do popular app de vídeos ao redor do mundo.
O acordo depende da aprovação dos Estados Unidos e da China, e pode encerrar os planos do governo americano de proibir o app por motivos de segurança.
A empresa chinesa enviou o pedido ao escritório de comércio municipal de Pequim e está aguardando uma decisão, disse em sua página na plataforma de notícias Toutiao nesta quinta-feira (24), segundo a agência Reuters.
O prazo para obter a aprovação preliminar para exportar essa tecnologia pode ser de até 30 dias.
A China atualizou suas regras de controle de exportação para opinar sobre a transferência de tecnologia no final de agosto, dando um sinal de que a negociação para a venda do TikTok também deveria passar pelo seu crivo.
O porta-voz do Ministério do Comércio chinês, Gao Feng, disse a repórteres nesta quinta que o pedido foi recebido e seria tratado de acordo com os regulamentos e procedimentos relevantes.
A ByteDance disse que o acordo não envolve qualquer transferência de tecnologia, embora a Oracle seja capaz de inspecionar o código do TikTok dos EUA.
Em resposta a uma pergunta sobre a solicitação do TikTok, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, disse nesta quinta-feira que a China apoia o uso de recursos legais relevantes para as empresas defenderem seus direitos, segundo a Reuters.
O Departamento de Comércio dos EUA ainda não deu aval sobre o negócio.
Proposta entre TikTok, Oracle e Walmart
A ByteDance anunciou, durante o último final de semana, um acordo com as americanas Oracle e Walmart para a criação da TikTok Global.
A negociação aconteceu após o o presidente dos EUA, Donald Trump, emitir uma ordem executiva em agosto, proibindo transações de empresas americanas com a ByteDance.
Trump ameaçou banir o TikTok do país caso ele não fosse vendido até meados de setembro – sob a justificativa de que a rede social poderia compartilhar dados de 100 milhões de usuários americanos com o governo chinês, algo que o aplicativo nega.
O presidente americano deu um aceno positivo para o acordo do TikTok com a Oracle e Walmart, e o Departamento do Comércio dos EUA ampliou em uma semana o prazo para as restrições de downloads do TikTok no país, que deveriam entrar em vigor no domingo (20).
TikTok e Oracle anunciaram uma “parceria tecnológica”, na qual a companhia americana disse que será uma “provedora confiável de tecnologia”, responsável pelo gerenciamento de dados dos americanos e autoria dos códigos.
O Walmart não tem experiência no gerenciamento de plataformas de redes sociais, mas vê no TikTok uma maneira de aumentar a sua presença digital, de olho principalmente nos 100 milhões de usuários ativos que o TikTok tem nos EUA e nos cerca de 800 milhões ao redor do mundo.
Ainda não está claro quais seriam as responsabilidades do Walmart no TikTok Global.
Divergências sobre o controle da empresa
Embora um acordo exista, há divergências sobre o modelo do negócio. As empresas concordam em um ponto: será criada uma nova empresa.
A confusão é sobre quem terá a participação majoritária: a parte americana ou a parte chinesa? Cada um diz uma coisa diferente.
A ByteDance disse na última segunda (21) que terá 80% do TikTok Global. A Oracle ficaria com 12,5%, enquanto o Walmart teria uma fatia de 7,5%.
A porcentagem fecha, mas Oracle e Walmart disseram no sábado (19) que a participação majoritária do TikTok estaria em mãos norte-americanas. Isso seria possível porque 41% da ByteDance já são de propriedade de investidores norte-americanos.
Trump disse em entrevista na última segunda-feira (21) que não aprovaria a venda do TikTok para a Oracle e o Walmart se a ByteDance continuar como controladora do aplicativo.
As conversas devem avançar nesta semana, mas uma data para que o negócio seja finalizado é incerta.
Diário da Paraíba com G1