O ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) volta a ressaltar que a paralisação do bombeamento das águas do chamado Eixo-Leste da transposição para o território paraibano tem, sim, cunho político, perpetrado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ele participa neste domingo (1º), em Monteiro, no Cariri paraibano, da manifestação popular ‘SOS Transposição – Grito do Nordeste’, promovida por sindicatos, movimentos sociais e por lideranças políticas preocupadas com a situação da obra abandonada pelo governo federal.
“É preciso entender que essa obra não pode ser motivo de disputa política”, afirma Ricardo, apontando: “A interrupção do bombeamento é essencialmente política… Começaram a se aventar falhas, rachaduras no canal. Se o canal não tem água, ele vai rachar. Mesmo que houvesse qualquer falha, você tem que mandar a engenharia consertar e acabou. O que não pode é o Eixo-Norte, por exemplo, ficar quatro anos parado, faltando 12 quilômetros e uma obra essencial para Fortaleza, para todo o Sertão do Rio Grande do Norte e para o Sertão da Paraíba”.
“Não há justificativa plausível para isso”, continua Ricardo Coutinho, complementando, fazendo uma analogia: “Se é verdade que você paralisa uma obra porque ela tem alguma falha, então se você faz uma estrada e aparece um buraco e você interdita a estrada? Claro que não. Você conserta o buraco e a estrada continua servindo”.
O momento político no Brasil está bastante conturbado, na avaliação do ex-governador, havendo intensa inversão de valores e ausência de raciocínios mais civilizados. “É isso que está acontecendo. O problema é que o Brasil está muito confuso. O Brasil e uma boa parte das pessoas perderam o sendo de observar os maiores absurdos como algo absolutamente normal”.
Para Ricardo “a formalização da ignorância neste Brasil de hoje é algo assustador. E isso inclui esses debates toscos que o governo federal, através do seu presidente, traz para a pauta. São debates terríveis, como se estivesse zombando da população”. E ele volta a lamentar: “Isso é inadmissível, até pela questão da compostura para com o cargo”.
Ainda em relação às obras de transposição das águas do Rio São Francisco, ele destaca que o projeto não tem problemas que inviabilizem a sua operação. “Então, é um protesto legítimo. Não é um protesto de fulano ou de sicrano. Não tem nenhuma personalização no ato”, diz em relação à manifestação popular deste domingo em Monteiro.
Diário da Paraíba (Jorge Rezende) – Foto: Roberto Guedes