LONDRES — Um artigo publicado nesta segunda-feira pela revista científica The Lancet concluiu que a vacina candidata da Universidade de Oxford (Reino Unido), produzida em parceria com o laboratório AstraZeneca, se demonstrou segura e estimulou a produção de anticorpos e células T contra o novo coronavírus. A fórmula está sendo testada no Brasil em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Os testes iniciais envolveram 1.077 pessoas. O resultado é promissor, mas a vacina ainda precisa ser testada em outras etapas para garantir não apenas sua segurança, mas também uma imunização consistente a longo prazo. De acordo com a Lancet, a fórmula estimulou respostas imunológicas “potentes” a nível celular e humoral se aplicada em dose dupla.
— Nós acreditamos que os resultados indicam que o sistema imunológico se lembrará do (genoma do) vírus, ou seja, que nossa vacina protegerá as pessoas por um período prolongado — afirmou o líder do estudo, Andrew Pollard, da Universidade de Oxford. — No entanto, precisamos de mais pesquisa antes de confirmar que esta fórmula efetivamente protege contra o Sars-CoV-2 e por quanto tempo durará a imunidade.
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No mês passado, o Ministério da Saúde anunciou uma parceria com a universidade britânica para a produção de 30,4 milhões de doses da vacina, com um investimento de US$ 127 milhões. O primeiro lote deve ser produzido em dezembro e o segundo em janeiro pela Bio-Manguinhos, laboratório da Fiocruz. Segundo o ministério, as doses só serão ministradas após a finalização dos estudos clínicos e a comprovação da eficácia da vacina. O acordo anunciado prevê compartilhamento da tecnologia de produção da vacina com a Fiocruz.
Pela parceria anunciada, o governo brasileiro receberá o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) produzido por Oxford para a produção dos lotes. Caso seja comprovada a eficácia da vacina, ela será ministrada para grupos de risco — e profissionais de saúde também terão prioridade. Após a comprovação da eficicácia da vacina, o governo brasileiro produzirá mais 70 milhões de doses, com um valor estimado de US$ 161 milhões.
No fim de junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a vacina ChAdOx1 nCoV-19, como é chamada oficialmente, era a “mais avançada” do mundo “em termos de desenvolvimento” e lidera a corrida por um imunizante contra a Covid-19. Além do Brasil, a fórmula está sendo testada na África do Sul e no Reino Unido, e há previsão para uma nova fase de trabalhos nos Estados Unidos.
Diário da Paraíba com O Globo