Inquérito da Polícia Civil aponta que PM causou morte da menina Ágatha

Partiu da arma de um cabo da Polícia Militar o disparo que, dois meses atrás, provocou a morte da estudante Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, no Morro da Fazendinha, no Complexo do Alemão. A informação consta do inquérito da Polícia Civil sobre o caso, que deve ser enviado nesta terça-feira à Justiça.

De acordo com o documento, houve um “erro de execução”: o objetivo não era atingir a criança, mas dar um “tiro de advertência” para forçar a parada de dois homens que estavam em uma motocicleta.

A dupla teria fugido de uma blitz no complexo. Em seguida, o PM, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Fazendinha, efetuou o disparo. Segundo relatos de testemunhas incluídos no inquérito, o cabo estava sob forte tensão devido à morte de um colega três dias antes e, por isso, pode ter confundido uma esquadria de alumínio que o garupa segurava com uma arma.

Nesta segunda-feira, o delegado Daniel Rosa, titular da DH, não quis comentar o caso. Segundo ele, a Polícia Civil apresentará nesta terça-feira o resultado completo de toda a investigação.

Mais de 20 pessoas foram ouvidas no inquérito, incluindo os pais de Ágatha, o motorista da Kombi na qual ela estava com a mãe, no momento em que foi atingida, outras testemunhas e PMs. A Polícia Civil não informou se o responsável pelo disparo será enquadrado em algum crime.

Além da DH, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) também apura o caso. A PM não informou se já existe um resultado para essa investigação.

Mãe segue na luta por justiça

No último dia 5, Vanessa Francisco Sales, de 32, mãe da menina, esteve na DH da capital e cobrou respostas para a morte da filha. Segundo um advogado da família, foi impedido o acesso deles às informações da investigação, sob a alegação de que o inquérito foi conduzido sob segredo de Justiça. Na época, o procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Rodrigo Mondego, chegou a criticar a postura dos investigadores do caso.

— A gente não tem acesso ao caso porque está sigiloso. Até quando vai estar? Quando vai sair essa resposta? Até quando? — questionou Vanessa, muito emocionada: — No dia em que eles (os policiais civis) conversaram comigo disseram que iam fazer o possível para 30 dias (concluírem a investigação). É claro que como ele disse (o delegado), ninguém tem prioridade. Mas eu como mãe quero uma resposta.

Vanessa pediu que os culpados sejam punidos.

G1