Como o Flamengo trabalha à distância para voltar em ‘ponto de bala’ após pandemia de coronavírus
Os dias de quarentena devido à pandemia do coronavírus transcorrem sem indicar uma data específica de retorno. No futebol, uma das grandes preocupações dos clubes está não só no aspecto econômico, mas também a questão física dos atletas.
Há uma atenção especial para fazer com que os jogadores se mantenham ativos durante esse período. O Flamengo acompanha parte dos treinos em um aplicativo monitorado diretamente de Portugal. Mas o trabalho em sintonia dos departamentos físico e médico prevê etapas para que os jogadores rubro-negros estejam novamente em alto nível competitivo cerca de dez dias após o retorno aos treinamentos.
Há um planejamento semanal enviado aos atletas por meio do aplicativo Coach ID. Ele é elaborado pelo preparador físico Mário Monteiro com a colaboração dos também preparadores Márcio Sampaio e Roberto Oliveira, o Betinho. Sampaio voltou a Portugal e acompanha o resultado das atividades no aplicativo.
Betinho entrega kits com equipamentos da academia do Ninho do Urubu a grande parte dos atletas. Mário permaneceu no Brasil. O planejamento elaborado em uma primeira fase é homogêneo a todos os atletas não lesionados. Posteriormente ajustes individuais serão feitos, de acordo com os dias e as percepções dos jogadores. O foco é sempre realizado para a manutenção da condição física de um atleta de alto rendimento. Neste quesito a atuação da preparação física do Flamengo ocorre em quatro vertentes.
Um trabalho neuromuscular com força global e específica, neste caso nos membros inferiores dos jogadores. Também o trabalho de estabilidade muscular, o chamado core. O dito trabalho miofascial, com objetivo de criar uma mobilidade melhor do músculo tratado, assim como prevenir lesões musculares, diminuir dores e tornar a recuperação muscular mais rápida. E, por fim, um trabalho para ênfase metabólica no qual os jogadores praticam corrida, seja na esteira ou ar livre e spinning.
“Penso que, no espaço de dez a 15 dias, vão conseguir a implantar seu modelo de jogo, a pressionar alto. Temos um grupo de grandes profissionais, de dedicação extrema. É mais uma questão técnico-tática. Em dez, 15 dias se consegue colocar o Flamengo no mais alto nível”, disse o preparador físico Mário Monteiro à Flatv.
A comissão técnica acredita que algum percentual de perda neste período de quarentena será inevitável e o trabalho é feito no sentido de minimizar essa consequência. Isto porque fora do dia a dia do Ninho do Urubu os atletas não têm como repetir o trabalho tático comandado por Jorge Jesus, com exigência de alta intensidade, marcação com defesa adiantada, sempre pressionando o adversário. Neste tipo de treinamento no CT, o elenco trabalha com mais fidelidade os movimentos de um jogo e, consequentemente, a resistência necessária para ser altamente competitivo como exige Jorge Jesus. O elenco é muito elogiado internamente pela responsabilidade profissional e o cuidado com alimentação e forma física mesmo durante as férias.
Após um descanso de mais de um mês entre 2019 e 2020, os jogadores do grupo principal retornaram ao Ninho do Urubu em um padrão físico tão aceitável que o fato permitiu a estreia oficial apenas uma semana depois, contra o Resende, no Maracanã. O último jogo nesta temporada foi em 14 de março, contra a Portuguesa, pelo Campeonato Carioca.
O técnico segue em Portugal com a família e também em negociação para estender o atual contrato, válido até 20 de junho. Há ainda uma diferença financeira entre as partes para que o acordo esteja concluído. Assim que as atividades no Ninho do Urubu estiverem liberadas, o Mister e os integrantes de comissão que viajaram à Europa voltarão dias antes ao Brasil. Daí a importância da atenção especial para que o Flamengo esteja, em pouco, de novo em ponto de bala.
Diário da Paraíba com GE