Democratas abrem convenção que oficializará Biden rival de Trump

Michelle Obama e Bernie Sanders foram destaque da primeira noite da reunião, marcada por discursos associando Trump a ameaças à democracia.

A convenção nacional do Partido Democrata, que deve oficializar a candidatura do ex-vice-presidente Joe Biden para as eleições à presidência dos Estados Unidos de novembro, começou nesta segunda-feira (17) por videoconferência devido à pandemia de covid-19.

O evento terá quatro dias de programação e será concluído na quinta-feira à noite com o discurso de aceitação de Biden. Os primeiros oradores da convenção não pouparam palavras para desenhar o cenário do país como extremamente grave por conta dos surtos de novo coronavírus e para apontar o atual presidente, Donald Trump, como uma ameaça à democracia dos EUA.

A abertura da convenção foi feita pela atriz Eva Longoria. “A cada quatro anos nos reunimos para reafirmar nossa democracia. Neste ano viemos para salvá-la”, disse.

A agenda da primeira noite da convenção também teve como destaques os discurso do senador Bernie Sanders, que disputou a candidatura com Biden, e da ex-primeira-dama Michelle Obama.

Primeiro orador da noite, Sanders teve a missão de mostrar a união do partido. Ele pediu diretamente a seus apoiadores que se registrem e votem em Biden, sob o risco de “todos os avanços que fizemos até aqui se perderem”. Sanders também afirmou que perder a eleição para Trump “terá um preço tão alto que não se pode imaginar”.

Já Michelle Obama foi outra protagonista da noite, com um discurso pesado contra o atual presidente. “Trump é o presidente errado para os EUA”, resumiu Michelle, para quem o republicano demonstrou falta de estabilidade levando o país ao caos e à divisão.

Uma das personalidades mais populares entre os Democratas e, em geral, comedida com palavras, Michelle desta vez foi dura. Afirmou que Trump se demonstrou inapto para a função de presidente, que demonstra não ter qualquer empatia e que será preciso votar em Biden para salvar vidas.

Pandemia foi um dos temas

O partido também mostrou a capacidade de combate de alguns de seus políticos ao coronavírus, com ênfase ao trabalho dos governadores de Nova York e Michigan, Andrew Cuomo e Gretchen Whitmer, que têm tido postura combativa em relação às ações do presidente Donald Trump em relação à pandemia.

Kristin Urquiza, uma jovem de origem latina que mora no estado do Arizona e perdeu o pai em junho para a covid-19 — uma morte que ela atribui aos líderes Republicanos do estado — também fará um discurso.

Além disso, os democratas reservaram um espaço de destaque nesta segunda-feira para os republicanos que se voltaram contra Trump, como os ex-governadores Christine Whitman (Nova Jersey) e John Kasich (Ohio) e a ex-congressista Susan Molinari (Nova York), na esperança de convencer outros eleitores do partido do presidente a apoiarem Biden.

Silêncio por George Floyd

O irmão de George Floyd — o homem cuja morte por policiais brancos que o sufocaram durante uma abordagem desencadeou uma onda de protestos raciais no país — também participou da convenção neste primeiro dia.

Philonise Floyd pediu um minuto de silêncio em homenagem ao irmão e a outras vítimas “do ódio e da injustiça”. “[George] Floyd dizia que cabe a nós lutarmos por justiça. Nossas ações serão nosso legado.”

A prefeita de Washington, Muriel Bowser, e o influente congressista James Clyburn também falaram sobre justiça racial.

Os democratas pretendiam realizar a convenção no estado do Wisconsin, onde o partido sofreu uma inesperada derrota para Trump nas eleições de 2016, mas a pandemia alterou os planos, e o evento será realizado por videoconferências, com discursos ao vivo e gravados.

 

Diário da Paraíba com R7