Deputado bolsonarista ataca jornal A União e ameaça governo da Paraíba com uma CPI
O deputado estadual Cabo Gilberto (PSL) – na foto – utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa (ALPB) na manhã desta terça-feira (22) para atacar a linha editorial do jornal A União e ameaçar o governo de João Azevêdo (PSB) com a criação de uma comissão parlamentar de inquérito acerca da ‘Operação Calvário’, que vem sendo empreendida pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), uma espécie de “lava jato” paraibana.
O deputado estava irritado com uma publicação de A União na edição da quinta-feira (17) da semana passada em que trazia uma reportagem, assinada pelo jornalista Ademilson José, informando que Cabo Gilberto quer mudanças na Constituição da Paraíba com o objetivo de permitir a construção de espigões na orla da capital, João Pessoa.
“Passei o final de semana levando pancada por causa dessa matéria mentirosa do jornal A União”, desabafou o parlamentar da bancada de oposição, lembrando que o diário é um órgão do governo do estado e isso explicaria a matéria. “Eu queria ver nesse jornal uma manchete falando da ‘Operação Calvário’. Queria ler isso”, desafiou Cabo Gilberto, lembrando que só falta uma assinatura para ele apresentar na Assembleia a “CPI da Operação Calvário”.
As críticas de Cabo Gilberto foram fortemente rebatidas pelo líder governista na Casa, deputado estadual Ricardo Barbosa (PSB), que defendeu a postura da linha editorial do jornal A União. “Quem trouxe este assunto dos espigões foi vossa excelência. O jornal não inventou nada e apenas publicizou o que o senhor defende”, rebateu Barbosa.
Ricardo Barbosa lembra que a Paraíba é respeitada mundialmente por não ter e não permitir espigões na orla de João Pessoa. “Toda época de eleições, tentam convencer deputados se eleitos a fazer essas mudanças na Constituição. Tentam até com dinheiro que já circulou. E esta Casa, de forma altiva, nunca permitiu e nem permitirá os espigões na orla”.
A matéria
A reportagem do jornal A União, publicada na semana passada, divulga que caminha na Assembleia Legislativa, para aprovação, uma completa atualização da Constituição do Estado da Paraíba e, entre as matérias mais polêmicas em pauta está uma emenda de autoria do deputado Cabo Gilberto estabelecendo permissão para a construção de espigões na orla marítima.
“A nossa Constituição foi feita em 1989 e eu respeito a realidade da época, mas hoje nós contamos com pouquíssimos hotéis e acho que precisamos fazer algumas alterações”, afirmava o Cabo Gilberto na matéria, ao explicar que, ao contrário do que existe em outras cidades, não se tratariam de edifícios elevados demais e com outro critério previamente estabelecido que seria somente para a construção de hotéis.
Com base na sua PEC (Proposta de Emenda à Constituição), os prédios da orla terão altura máxima de doze andares, nivelando-se, no caso, com o Edifício Marques de Almeida que fica vizinho à Fundação Casa de José Américo, anterior à Constituição.
“Acho que vamos ganhar com muito mais hotéis, consequentemente, com muito mais emprego e geração de renda”, justifica o parlamentar, ao salientar que, pelos estudos iniciais, os novos edifícios ainda ficariam mais baixos que a Barreira do Cabo Branco, se nivelando a mais dois de nove e de dez metros de altura que também já existem e que foram erguidos no mesmo período daquele que fica ao lado da fundação.
“Não seriam espigões”, resume o deputado Cabo Gilberto, ao salientar que espigões são muito mais elevados do que esses que propõe em sua PEC e que existem em várias outras capitais do Litoral. Para ele, não existiria nada de novo porque os novos edifícios não iriam ultrapassar a altura do Marques de Almeida.
Diário da Paraíba
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