Desemprego cresce na Paraíba e atinge mais jovens e mulheres
A taxa de desemprego na Paraíba subiu para 11,9% no segundo trimestre de 2019, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral, do IBGE. Esse é o maior índice para o período desde 2012, primeiro ano da série histórica disponibilizada pelo Instituto.
Outros números, porém, chamam a atenção: o desemprego entre os jovens (30,9%) e as mulheres (14%) também atingiu patamares inéditos no estado para o período compreendido entre abril e junho.
A taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos de idade foi de 30,9% – um crescimento de 5 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados mostram que está mais difícil para o jovem encontrar emprego na Paraíba e mesmo aqueles que conseguem uma vaga no mercado de trabalho recebem, em média, R$ 800,00 como remuneração, o menor valor da série histórica em valores corrigidos pela inflação.
No caso das mulheres, a taxa de desemprego é de 14%, dois pontos percentuais acima na comparação com o mesmo período de 2018. Para os homens, o índice permaneceu praticamente estável em 10,3%. Com a crise do mercado de trabalho agravada em 2016, após o impeachment da presidente Dilma Rpusseff (PT), os rendimentos para ambos os sexos caíram, mas nos anos seguintes houve recuperação.
Para as mulheres, entretanto, a recuperação se deu em ritmo menor, tendo, inclusive, perda no valor real no último ano e aumento na diferença salarial na comparação com os homens.
O professor Roberto Véras de Oliveira, integrante do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas e Trabalho da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), destaca que as condições de trabalho no Brasil vêm se deteriorando desde 2015.
Para ilustrar o cenário, o professor cita outro dado do IBGE, o da subutilização da força de trabalho, que inclui, além dos desocupados, os subocupados por insuficiência de horas trabalhadas e a força de trabalho potencial. Entre 2014 e 2019, o índice subiu de 17,3% para 28,3% no país.
A piora nas condições do mercado de trabalho atinge principalmente os segmentos mais vulneráveis. No caso dos jovens e mulheres, o professor explica que o poder de barganha é menor.
“Nos caso das mulheres, estas são vítimas de processos discriminatórios, social e culturalmente enraizados, que as colocam em posições subalternas; seja ao serem deslocadas, em um mesmo setor, para postos inferiores ou mesmo exercendo funções iguais recebem salários inferiores; seja ao serem levadas a se concentrarem em ocupações desvalorizadas socialmente, como o emprego doméstico. Em situação de crise econômica, são as primeiras a serem demitidas ou são contratadas sob condições ainda mais rebaixadas (sem contratos formais, com menos benefícios, com salários menores etc.)”, afirma.
Ao analisar o contexto em que os jovens estão inseridos, Roberto Véras ressalta que o argumento da falta de experiência constantemente é empregado para que sejam oferecidas condições mais precárias de contratação.
Além disso, a necessidade de ingressar o quanto antes no mercado de trabalho para garantir uma renda é outro componente que estabelece uma propensão à aceitação do emprego precário.
“No Brasil, os jovens não podem retardar muito o ingresso no mercado de trabalho. Muitas vezes são levados a abandonar a escola antes de concluir os ciclos básicos ou, quando não a abandonam totalmente, tentam seguir com as duas atividades simultaneamente. Em um ou outro caso, as condições de inserção no mercado de trabalho marcam uma trajetória de vulnerabilidade”, avalia.
A Pnad Contínua Trimestral pode ser consultada no Sistema Sidra, do IBGE (www.sidra.ibge.gov.br).
Diário da Paraíba com Observatório Paraíba