Especialistas comentam estratégias de combate a desinformação para essas eleições municipais na Paraíba
Considerado pela justiça eleitoral como sendo dois dos principais combates necessários a ser combatidos nestas eleições municipais de 2024, a desinformação e a inteligência artificial são os grandes desafios na propaganda eleitoral. Para falar sobre isso, foram escutados os especialistas os professores em Ciências Políticas Dragos Tudoraché, João Brandt e Beatriz Saab.
A propaganda eleitoral começou na última sexta-feira (16), com a liberação do pedido de voto nas ruas e na internet. Segundo os especialistas é no mundo virtual, que encontramos a maior dificuldade para o controle das regras eleitorais, que buscam garantir o equilíbrio e a lisura do processo eleitoral.
Para Tudoraché o desenvolvimento do uso de inteligência artificial (IA) tem sido marcado por ocorrências que demonstram a complexidade dessa tecnologia, especialmente nas democracias. Diante de um cenário de eleições ao redor do mundo, que devem ocorrer em mais de 50 países somente neste ano, o professor demonstrou preocupação quanto ao que pode ser feito, dada a conjuntura de polarizações e de extremismos observada na atualidade.
“A eleição é um processo que a gente vive a cada dois, quatro anos, e […] é um momento específico de decisão em que o cidadão se manifesta e afirma a sua vontade política, mas a compreensão do mundo e a leitura que ele faz ocorrem o tempo inteiro. Temos uma aceleração social e do debate público que nos faz viver em um ambiente de eleição permanente”, disse.
Assim também pensa João Brandt, que defende que os impactos dos algoritmos que repercutem nos processos eleitorais e no ambiente como um todo devem ser equilibrados a partir de um conjunto de ações.
De acordo com Beatriz Saab, na prática, as vulnerabilidades on-line mapeadas para as eleições orbitam entre discursos de ódio, desinformação e anúncios políticos. Em relação à desinformação eleitoral, foram observadas, sobretudo, narrativas sobre a integridade eleitoral. “A gente observa, desde 2018, campanhas que deslegitimam a integridade do processo eleitoral, que duvidam da capacidade e da competência do Tribunal”, disse a especialista.
Ela propõe entre as recomendações para lidar com esse cenário, estão o monitoramento do impacto de iniciativas criadas para combater a desinformação, a exemplo do Sistema de Alertas de Desinformação Eleitoral (Siade), do TSE, e o treinamento de funcionários na linha de frente para identificar e combater as táticas de desinformação também em nível local. Beatriz também listou ações e providências que podem ser adotadas por plataformas digitais e pela sociedade civil a fim de garantir um debate eleitoral íntegro.
Nesse âmbito do combate à desinformação, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) firmou uma parceria com a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) para uma campanha informativa para auxiliar no enfrentamento às mentiras nas eleições. Com o mote “Jornalismo é confiável, fala nossa língua, protege da desinformação e fortalece a democracia”, a iniciativa conta com duas cartilhas em formato playbook — uma para eleitoras e eleitores e outra para jornalistas — com linguagem adaptada para atender às diferentes regiões do país e alcançar um público mais amplo. A campanha, que tem o slogan “A mentira destrói seu voto”, também foi realizada em parceria com outras 11 associações e instituições relacionadas ao jornalismo profissional. “Agradeço aos integrantes das áreas do conhecimento e, especialmente, ao jornalismo responsável, independente e forte do Brasil, que tem segurado, com tanta frequência e com tanto empenho, a democracia no país, como foi nas últimas eleições, de 2018, 2020 e 2022”, afirmou a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, ao lançar a iniciativa.
Diário da Paraíba com ClickPB