EUA acusam Irã de envolvimento em ataque na Arábia Saudita; Irã nega

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, acusou o Irã pelo ataque a duas instalações da principal companhia petrolífera da Arábia Saudita, dizendo que não há evidências de que eles partiram do Iêmen. O Irã nega acusações e acusou os Estados Unidos de buscarem um pretexto para retaliar o país.

Os rebeldes iemenitas houthis, que são apoiados pelo Irã no conflito que acontece no Iêmen, disseram ter enviado dez drones para atacar as instalações, o que provocou incêndios de grandes proporções e derrubaram pela metade produção de petróleo e gás no país.

“No meio de convocações para reduzir a tensão, o Irã lançou um ataque sem precedentes contra o fornecimento de energia do mundo. Não há evidências de que os ataques tenham partido do Iêmen”, afirmou Pompeo no sábado no Twitter.

Fumaça é vista após um incêndio nas instalações da Aramco em Abqaiq, na Arábia Saudita, neste sábado (14)  — Foto: Reuters Fumaça é vista após um incêndio nas instalações da Aramco em Abqaiq, na Arábia Saudita, neste sábado (14)  — Foto: Reuters
 Depois das acusações feitas pelo americano, Teerã acusou os Estados Unidos de buscarem um pretexto para retaliar o Irã.

“Tais acusações e comentários infrutíferos e cegos são incompreensíveis e sem sentido. Tais comentários parecem mais conspirações de organizações secretas e de inteligência para prejudicar a reputação de um país e criar um quadro para ações futuras”, afirmou o porta-voz do Ministério do Exterior iraniano, Abbas Mousavi, em comunicado.

A relação entre os Estados Unidos e o Irã se deteriorou em maio, após o presidente Donald Trump ter retirado os EUA do acordo nuclear assinado em 2015 pelos dois países, com participação ainda da Rússia, da China, do Reino Unido, da França e da Alemanha. Desde então, os americanos adotaram sanções que estão prejudicando a economia iraniana.

“Os americanos adotaram uma política de pressão máxima que aparentemente se tornou uma mentira máxima devido aos seus fracassos”, ressaltou ainda Mousavi.

Incêndio atingiu instalações da petroleira Aramco em Abqaiq, na Arábia Saudita, neste sábado (14)  — Foto: ReutersIncêndio atingiu instalações da petroleira Aramco em Abqaiq, na Arábia Saudita, neste sábado (14)  — Foto: Reuters

Incêndio atingiu instalações da petroleira Aramco em Abqaiq, na Arábia Saudita, neste sábado (14) — Foto: Reuters

Imagens divulgadas pela imprensa internacional mostraram um grande incêndio em Abqaiq, onde fica a maior fábrica de processamento de petróleo do mundo, enquanto um segundo ataque de drones iniciou incêndios no campo de petróleo de Khurais. Ambos operados pela gigante estatal saudita Aramco. A fumaça foi vista do espaço.

Os ataques levaram a Arábia Saudita anunciar uma redução da produção da principal companhia petrolífera do mundo em 50%. Quase 20 horas depois do bombardeio, o novo ministro de Energia saudita, o príncipe Abdulaziz bin Salman, filho do rei, afirmou que a Aramco diminuiu a produção em cerca de 5,7 milhões de barris.

Nos últimos meses, rebeldes realizaram uma série de bombardeios fronteiriços com mísseis e drones contra bases aéreas sauditas e outras instalações no país. A ONU e países ocidentais acusam Teerã de fornecer armas ao grupo, algo que o governo iraniano nega.

Os bombardeiros são uma reação aos ataques aéreos conduzidos pela Arábia Saudita, que apoia o governo iemenita liderado por Abd-Rabu Mansour Hadi, em regiões controladas por rebeldes no Iêmen.

Desde março de 2015, os sauditas lideram uma coalizão contra os houthis, que detêm, entre outros, a capital do país, Sanaa. O conflito já deixou mais 90 mil mortos e gerou a pior catástrofe humanitária do mundo, deixando milhões à beira da fome.

G1