Extorsão na Lava Jato: PF faz operação contra auditores que chantageavam empresários

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal cumprem 14 mandados de prisão contra auditores e analistas da Receita Federal, em desdobramento da Lava Jato. O principal alvo é o auditor Marco Aurélio Canal, supervisor de programação da Receita na própria Lava Jato do Rio. Além dos cinco mandados de prisão temporária e nove preventivos, são cumpridos outros 39 de busca e apreensão.

Segundo a PF, a investigação começou depois que um colaborador da Operação Lava Jato foi instado a pagar suborno a fiscais da Receita para não ser autuado. Os investigadores afirmam que identificaram patrimônios dissimulados e o uso de informações privilegiadas para beneficiar terceiros.

De acordo com os policiais federais, o grupo usava peças de inquéritos e de processos, principalmente as que tratavam de acúmulo de patrimônio ou de movimentação financeira do envolvido, para cobrar propina da vítima em troca do cancelamento de multas milionárias por sonegação fiscal.

O empresário Ricardo Siqueira Rodrigues, investigado na Operação Lava Jato, contou ao Ministério Público que foi procurado pelo grupo de auditores fiscais. Ricardo disse que os servidores, liderados por Marco Aurélio, exigiram propina para arquivar as ações fiscais abertas contra ele.

Alvo da Operação Rizoma, de abril do ano passado, o empresário é apontado pelos investigadores como o maior operador de fundos de pensão no país.

Marco Aurélio foi acusado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante uma entrevista à GloboNews, como o auditor responsável pelo vazamento de dados fiscais sobre ele e sua mulher, Guiomar Feitosa. A Receita negou que o casal estivesse sendo investigado.

“Eu sei que houve abuso por parte da Receita, e a Receita sabe que houve abuso nesse caso. Mas tenho curiosidade de saber quem mandou a Receita fazer (a investigação). O que se sabe é que quem coordenou essa operação é um sujeito de nome Marco Aurélio da Silva Canal, que é chefe de programação da Lava Jato do Rio de Janeiro. Portanto, isso explica um pouco esse tipo de operação e o baixo nível. Às vezes, querem atingir fazendo esse tipo de coisa. Estão incomodados com o quê? Com algum habeas corpus que eu tenha concedido na Lava Jato?”, reclamou o ministro.

Diário da Paraíba