O governo de Bahamas suspendeu o alerta para o furacão Dorian e começou o lento processo de reconstrução do arquipélago, que foi devastado pela tempestade. Dois novos balanços foram divulgados nesta quinta-feira. A primeira contagem apontava 23 mortos. A segunda, feita à noite, elevou o número para 30. Além das perdas humanas, 13 mil casas foram destruídas e US$ 7 bilhões calculados em prejuízos.
Em Marsh Harbour, o cenário é caótico: casas completamente destruídas, carros virados, pilhas de escombros e inundações generalizadas. Pessoas mascaradas com trajes protetores carregavam cadáveres em bolsas verdes sobre a plataforma de um caminhão. Alguns moradores, ainda aturdidos, saíam às ruas arrastando malas com seus pertences mais valiosos.
“Na minha ilha (Ábaco), não sobrou nada. Nem bancos, nem lojas, nada”, disse Ramond King, morador de Marsh Harbour, enquanto revirava o que restou de sua casa. “Não sobrou nada, só corpos.”
No fim de semana, o Dorian chegou à categoria 5 – a máxima – antes de atingir as Bahamas, com ventos de quase 300 km/h. A extensão dos danos começou a ser conhecida nesta quinta, à medida que as equipes de socorro conseguiram percorrer a região afetada para resgatar sobreviventes e levar ajuda às vítimas.
Como o serviço de telefonia entrou em colapso, em muitas áreas, moradores publicaram listas de parentes e amigos desaparecidos nas redes sociais. O primeiro-ministro das Bahamas, Hubert Minnis, disse que o furacão deixou uma “devastação geracional”. Nesta quinta, Minnis alertou que o número de mortos deve aumentar nas próximas horas.
“É um inferno por todos os lados”, disse Brian Harvey, um canadense que vive na ilha de Ábaco. “Precisamos sair daqui. Passaram-se já quatro ou cinco dias. É hora de ir embora.”
Steven Turnquest, que foi de Marsh Harbour para a capital Nassau com seus filhos, de 4 e 5 anos, disse que tem sorte de estar vivo. “Vejo meus filhos e agradeço a Deus. Peço a ele que me leve, mas não leve meus filhos. Sobrevivi ao furacão me segurando em uma porta”, contou.
A consultoria de risco Karen Clark & Co. calculou em US$ 7 bilhões os prejuízos causados pelo furacão – apenas nas Bahamas. A estimativa leva em conta bens segurados e não segurados, incluindo a destruição de propriedades residenciais, comerciais e industriais, mas exclui veículos e danos à infraestrutura.
A ONU estima que 76 mil pessoas estejam precisando de ajuda nas Bahamas, 60 mil na forma de comida. A organização disse que enviará oito toneladas de alimentos ao país. A ajuda internacional também vem da Guarda Costeira americana e da Marinha Real britânica, que entraram nesta quinta nos esforços de resgate. Segundo os EUA, 135 pessoas foram resgatadas no arquipélago, com 10 helicópteros e 3 barcos.
Avanço – O Dorian, que havia perdido intensidade e desviado sua rota da Flórida, seguia nesta quinta como um furacão de categoria 2 ao se aproximar do litoral da Carolina do Sul. Com ventos de até 210 km/h, o furacão vem causando tornados na região – o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA registrou pelo menos cinco entre a cidade de Charleston, na Carolina do Sul, e a fronteira entre os Estados da Carolina do Norte e Virginia.
Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências, o furacão pode causar inundações. Autoridades locais pediram à população que fique atenta aos alertas e busque abrigo, caso seja necessário.