Madri retoma lockdown contra o coronavírus
Madri se tornará a primeira capital europeia a reinstaurar um lockdown na noite desta sexta-feira, quando os cerca de 4,8 milhões de habitantes da capital da Espanha e de nove cidades-satélites serão impedidos de partir por causa do ressurgimento do coronavírus.
Restaurantes e bares fecharão mais cedo e reduzirão a capacidade pela metade no pior foco de infecções da Europa.
As novas restrições não são tão rígidas quanto às do lockdown anterior de março, quando as pessoas foram proibidas de sair de casa.
Mesmo assim, os moradores estão apreensivos e exasperados com o embate político entre os governos central e regional.
“Passamos oito meses com máscaras e sem clubes noturnos e festas, e anda existe contágio. Então que tipo de impacto estas restrições terão?”, disse Sonny van den Holstein, dono do restaurante Sanissimo.
A autoridade de liderança conservadora da área de Madri obedeceu com relutância à ordem do governo central socialista de proibir viagens, a não ser para estudo, trabalho, cuidados de saúde e compras.
Famosa por sua vida noturna agitada e pelo fluxo de turistas normalmente intenso, Madri também está sujeita a um toque de recolher para restaurantes e bares. Restaurantes, academias de ginástica e lojas só poderão receber metade da capacidade.
“Somos obrigados a começar isto hoje”, disse Enrique Lopez, autoridade regional de alto escalão de Madri, em coletiva de imprensa, desculpando-se aos madrilenhos pela incerteza dos dias passados e ao mesmo tempo culpando o governo central.
A medida amplia um confinamento já em vigor em áreas mais pobres da cidade com taxas altas de infecção.
Várias outras das cidades mais movimentadas da Europa endureceram medidas nos últimos dias, o que inclui limitar a frequência a restaurantes e tornar o uso de máscaras obrigatório em mais locais para se contraporem ao ressurgimento dos casos de coronavírus.
Mas nenhuma foi tão longe como Madri. Sua chefe regional, Isabel Díaz Ayuso, é contra as restrições e entrou com uma apelação. Ela se preocupa com o dano econômico e acusa o governo central de ultrapassar suas prerrogativas ao ordenar as medidas.
Como o aeroporto internacional madrilenho de Barajas continuou aberto, Díaz Ayuso tuitou para expressar sua revolta com o primeiro-ministro: “A partir de amanhã, será possível ir de Berlim a Madri, mas não a Parla. Obrigada pelo caos, Pedro Sánchez”. Parla é uma cidade periférica ao sul da capital.
Com 850 casos para cada 100 mil pessoas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a área de Madri tem o pior índice da Europa.
Diário da Paraíba com Terra