Morre atriz Daysi Lúcidi, vítima do Coronavírus

A atriz e radialista Daisy Lúcidi, de 90 anos, morreu na madrugada desta quinta-feira (7). Ela estava internada com Covid-19 no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital São Lucas, em Copacabana, Zona Sul do Rio, desde o dia 25 de abril.

Lúcidi integrou o primeiro elenco de atores da Rádio Globo e fez sua estreia na TV em 1960. Como radialista, comandou, durante 46 anos, o programa “Alô Daisy”, na Rádio Nacional. Foi ainda vereadora e deputada estadual no Rio. Sua última participação em novelas da Globo foi em “Geração Brasil”, em 2014.

Estreia nos palcos aos 6 anos de idade

Daisy Lúcidi Mendes nasceu no Rio de Janeiro, no dia 10 de agosto de 1929. Seus pais, Clarice Lopez e Quinto Lúcidi, eram de origem portuguesa e italiana.

Bem humorada e vaidosa, era divertida mesmo quando queria parecer ranzinza.

Descobriu cedo o talento para a interpretação. Foi acompanhando seu pai nos ensaios de um curso de teatro amador que conquistou seu primeiro papel, aos 6 anos de idade, na peça “Nuvem”, de Coelho Neto, no teatro Dulcina, no Rio.

Em 1941, foi contratada para integrar o elenco infantil da Rádio Tupi. O convite veio do diretor, Teófilo de Barros Filho, durante um concurso de interpretação.

Com a inauguração da Rádio Globo no fim de 1944, passou a fazer parte da equipe de atores das radionovelas já no início de 1945. Foi também na rádio que conheceu seu companheiro, o jornalista esportivo Luiz Mendes, que, à época, comandava o programa “Alô, Rio”.

Não demorou até que a Rádio Nacional, mais importante emissora da época, a chamasse para integrar seu elenco, o que aconteceu em 1953. Participou de séries e novelas de sucesso, que posteriormente foram adaptadas por Janete Clair para a Globo.

Na TV, sua estreia aconteceu em 1960, participando de uma minissérie dirigida por Janete Clair, na extinta TV Rio.

A primeira novela na Globo foi o “Homem Proibido”, em 1967. Também trabalhou em “Supermanoela” (1974), “Bravo” (1975) e o “Casarão” (1976).

Carreira no rádio: ‘Alô Daisy’ ficou 46 anos no ar

Embora tenha atuado no teatro, na televisão e no cinema, foi no rádio que se realizou. Depois de consagrar-se como atriz de radionovelas, passou a comandar um programa próprio, em 1971 na Rádio Nacional.

“Meu negócio é o rádio, que é a minha paixão”, dizia.

“Alô Daisy” ficou 46 anos no ar e denunciava os problemas do quotidiano da cidade.

A política e a volta à Globo

Ainda na década de 70, Daisy Lúcidi deixou a carreira de atriz para se dedicar à política, após insistência da então deputada federal pelo Arena, Lygia Lessa Bastos. Foi vereadora e deputada estadual durante 18 anos no Rio.

Mas a vocação artística falou mais alto e 31 anos depois, ela voltou a atuar.

A volta à Globo, foi em 2007, em “Paraíso Tropical”, a convite de Gilberto Braga, autor da novela, que soube por amigos que Daisy Lúcidi tinha deixado a política. Como a encrenqueira síndica Iracema, ela reconquistou a simpatia do público.

Mesmo em papéis difíceis, ganhava elogios pela interpretação. Em “Passione” (2010), novela de Silvio de Abreu, Daisy viveu a dissimulada Vó Valentina, que explorava as duas netas. A atriz achava graça no sucesso da sua primeira vilã e dizia, rindo, que ia acabar apanhando nas ruas por causa das maldades da personagem.

Em 2013, fez uma participação em “Tapas & Beijos”. A última novela na Globo, foi “Geração Brasil”, em 2014.

Lúcidi dizia que não pensava em parar e que tinha muito amor pela profissão.

“Não há nada melhor que fazer o que se gosta e receber o carinho do povo.”

Daisy Lúcidi era viúva do jornalista esportivo Luiz Mendes, com quem foi casada por 64 anos. A atriz, que teve um filho também já falecido, deixa netos.

Diário da Paraíba com G1