Neymar sem o prêmio de Melhor do Mundo seria desmerecer o futebol

No próximo domingo (23), na final da Champions, provavelmente, Neymar e Lewandowski estarão concorrendo também ao título individual da Fifa.

As origens de Neymar e Lewandowski são distintas. Ajudaram a moldar o estilo de cada um deles. Mas, apesar das diferenças, os dois tiveram um infância totalmente misturada ao futebol.

Quase quatro anos mais velho, Lewandowski via na bola uma maneira de expressar sua personalidade objetiva, serena, típica de muitos de sua região, a cidade de Lezno, próxima a Varsóvia.

Neymar, por sua vez, cresceu em meio a dificuldades econômicas. Morou com a família em São Vicente, quando todos ocupavam um único cômodo de uma residência familiar.

Viu no futebol, como inúmeros meninos brasileiros da periferia, uma maneira de expressar a alegria de viver, em meio às adversidades. Gingar e driblar os adversários era uma forma de superar obstáculos.

No próximo domingo (23), quando ambos estarão em campo por suas equipes, na final da Champions, as duas histórias, muito provavelmente, estarão concorrendo também ao título de melhor do mundo da Fifa.

Mas a maior diferença entre ambos precisa ser levada em conta na eleição da Fifa, independentemente do resultado do jogo entre PSG e Bayern. E independentemente de simpatias pessoais.

O craque Neymar sobreviveu a tempestades, seguiu acreditando, mesmo após uma enxurrada de críticas nos últimos anos.

Lewandowski teve mais tranquilidade, engrenado em equipes com excelente conjunto, como o Borussia Dortmund e o Bayern.

A pressão em cima de Neymar, por ele ter sido o jogador mais caro da história, passou a ser constante em sua carreira.

As dificuldades e a luta foram grandes, como no início de sua trajetória. Mesmo já milionário.

Chegar a esta etapa, para Neymar, foi uma prova de superação impressionante, algo pelo qual Lewandowski não precisou passar.

Além desses fatores, Neymar, como jogador, tem uma profundidade maior do que Lewandowski.

Seu repertório é mais amplo, mesclando várias facetas do futebol: a inventividade, a criatividade, o drible, a visão, a ginga, a surpresa, a alegria.

Lewandowski é pura eficiência, uma máquina de fazer gols. Um excelente jogador.

Nem por isso, todos os recursos de Neymar, juntos, deixam de ser eficientes.

Ainda mais agora que ele está calando muitos que davam como certo o seu fracasso, a esta altura da carreira.

Ajudou o fato dele ter ouvido alguns conselhos, deixando de se atirar e de reclamar das faltas, calando-se diante da permissividade dos árbitros e preferindo se ater ao jogo.

Também parou de se envolver em polêmicas desnecessárias, que só ajudavam a ofuscar suas qualidades como jogador.

Neymar, aos 28 anos, marcou 392 gols, incluindo jogos pela seleção brasileira sub-17, sub-20 e sub-23. Já Lewandowski, aos 31, tem 481, incluindo as participações nas seleções de base.

Nas quartas de final e na semi da Champions, Neymar fez jogadas dignas dos maiores da história.

O critério da eleição da Fifa, mais do que os números, precisa se ater ao talento. É, afinal, uma premiação individual.

Performance, ambos tiveram, juntamente com suas equipes. E se houver alguma dúvida nos eleitores, basta um exercício de projeção.

Que cada um fique frente a frente com Neymar e Lewandowski e tente desarmá-los. Aquele que for mais difícil de se tirar a bola, vence.

 

Diário da Paraíba com R7