O que está se passando na Colômbia?

No pior momento da pandemia, o governo colombiano tenta aprovar uma nova reforma tributária, além da alta da violência e a desigualdade social. Em mais de 1 mês de fortes embates, de acordo com o Ministério Público e da Defesa,  já são mais se  43 mortos, mil feridos, quase mil prisões arbitrárias, 11 denúncias de violência sexual por parte das forças armadas.

Qual seria a reforma?

A proposta visava aumentar os impostos, arrecadar cerca de US$ 6,3 bilhões (R$ 34,43 bilhões) entre 2022 e 2031 com base nos serviços básicos e IVA (Imposto sob Valor de Produtos Agregados). Tais produtos são, por exemplo, água, eletricidade, gás e os de maior procura durante a pandemia, como eletrônicos, atingindo, principalmente, a classe média.

Desde o início da pandemia, o número de pobres na Colômbia subiu para 42,5entre os 50 milhões de habitantes, onde cerca de 25 milhões de pessoas vivem na informalidade. A insatisfação em relação  a essa situação ocorre desde 2019, mas, com a pandemia, tudo foi ampliado, até o culminar na situação atual.

Alguns acontecimentos anteriores motivaram a revolta da população, entre esses, a violência policial. O assassinato do advogado colombiano Javier Ordóñez foi gatilho para alguns protestos em toda a Colômbia durante 2020, assim como a morte de George Floyd, o homem negro estado-unidense, de 43 anos, que foi submetido a vários choques sem ter como se defender, junto a 7 pessoas que estavam a protestar por causa da violência policial.

A ONU e a União Europeia, assim como os Estados Unidos, demoraram a tomar alguma atitude nesses casos, pois a notícia  se espalhou rapidamente, mas sem consequências imediatas para punir os responsáveis, assim como, em outras vezes, já aconteceram situações semelhantes na América Latina, mas condenaram a repressão policial e houve cobrança efetiva para que a justiça fosse feita. As repressões mais violentas contra a população local aconteceram na cidade de Cali, a terceira cidade mais populosa da Colômbia, no mês de março com veículos blindados, helicópteros, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. Os vídeos circularam pelas redes sociais, solicitando apoio de artistas conhecidos pelo mundo para ajudarem a dar voz ao movimento que ficou conhecido como “El paro nacional”.

Após o surgimento das Forças Armadas Colombianas, os movimentos direitistas também criaram seu enfrentamento dando origem à grande Guerra Civil. O governo de Álvaro Uribe, presidente da Colômbia de 2002 a 2006,e o atual presidente, Iván Duque, seguem o total apoio a esta linha repressiva, colocando as forças policiais nas ruas para enfrentar adolescentes desarmados, que buscam melhores condições para viver assim como no mês de maio onde dois manifestantes morreram de forma brutal em Manizales (centro-oeste) quando o Esquadrão Móvel de Antidistúrbios lançou uma granada de gás lacrimogêneo em um micro-ônibus lotado.

Por Ana Raquel Monteiro 

Coordenação: Eugenia Victal

Projeto de Extensão ComunicAção da Uninassau JP e Diário da Paraíba