Paraíba tem a única prefeita indígena do Brasil

Eliselma Silva de Oliveira, conhecida como Lili, ostenta o título de ser a única prefeita indígena do Brasil. Ela administra o município de Marcação, no Litoral Norte da Paraíba, em seu segundo mandato.

Dos oito indígenas que se elegeram prefeitos no 1º turno em 2020, apenas uma é mulher: Eliselma Silva de Oliveira (DEM), a Lili, obteve 2.965 votos e assegurou seu segundo mandato em Marcação, no Litoral Norte da Paraíba.

“É um orgulho representar o meu povo – um povo que ainda é discriminado”, afirma ela, que participou da disputa concorrendo em uma chapa formada totalmente por indígenas.

Aos 41 anos, Lili é da etnia Potiguara. Nasceu e morou quase a vida inteira na zona urbana de Marcação. Durante seis meses, enquanto sua casa esteve em reforma, ficou na aldeia de Coqueirinho. Mas ela acredita que não existem distâncias e nem grandes disparidades entre a área urbana e a rural: “A cidade está rodeada por três aldeias. Damos alguns passos e estamos lá”.

Graduada em enfermagem, a prefeita atuou profissionalmente em postos do Programa Saúde da Família (PSF) em diversas aldeias do município entre 2010 a 2012, quando decidiu iniciar a carreira política. Também trabalhou como professora por sete anos.

A prefeita de Marcação diz que, com o tempo, a cultura indígena está se perdendo. Segundo ela, essa é a razão pela qual seu primeiro mandato foi guiado pela “representação do povo indígena”. Nas escolas, por exemplo, Lili implantou ações que promovem o engajamento com tradições indígenas. Foram implantados grupos de danças típicas e o ensino da língua Tupi. “Assim a gente retoma o modelo de fala”, explicou.

Flávio Marcone de Lima, de 41 anos, foi cacique da aldeia de Camurupim entre os anos de 2009 e 2019. Ele adoeceu e deixou a função. Para a liderança, a gestão de Lili não representa a comunidade indígena. Por isso, ele não apoiou a candidatura dela à reeleição.

O ex-cacique criticou o corpo docente da rede municipal de ensino. “Foram várias falhas. Votou nela [Lili], ela coloca para trabalhar em sala de aula. Temos professores que não são qualificados”, destacou Flávio, ao acrescentar que a única obra da gestão foi a construção de uma praça na aldeia.

Para a prefeita, no entanto, há tradições que precisam ser revistas. Ela alega que o município está impossibilitado de avançar em infraestrutura porque a população não permite obras de pavimentação nas aldeias – todas as estradas são de barro.

Lili disse ainda que, novo mandato, pretende melhorar criar mais emprego na cidade – a maior parte dos empregos em Marcação são funcionários da Prefeitura.

A prefeita disse que indígenas respondem por 80% da administração do município, especialmente na equipe de governo formada pelos secretários.

Ela afirma também que tem planos de reforçar o turismo na região, incentivando passeios de barcos e dando apoio a restaurantes que trabalhem com comidas típicas indígenas. Outros focos, diz, devem ser atividades pesqueiras e agricultura.

G1PB